Peixe Mais Caro

A “Dinheiro Vivo” publicou um trabalho de Teresa Costa sobre o preço do pescado, entrevistando a presidente da Docapesca, Teresa Coelho. Considerando que afirma ser a Costa da Caparica quem vende mais caro, será importante ter atenção… Pode ver o original clicando aqui.

A quantidade de peixe em lota diminuiu 18% desde 2010, mas o preço médio por quilo agravou-se em quase 50 cêntimos.

Quem adquire peixe em lota deparou-se, no ano passado, com duas realidades que traduzem bem a lei da oferta e da procura: a quantidade de pescado diminuiu para 104 mil toneladas (-11,5% do que em 2015 e -18% do que em 2010), correspondendo a 201,7 milhões de euros (+3,7% do que em 2015 e +7,8% face a 2010), com o valor médio por quilo a subir para 1,93€ (+17,1% face a 2015 e +31%, ou mais 46 cêntimos, quase 50) do que em 2010, de acordo com a Docapesca. A que atribuir a menor oferta?

“A restrição das capturas, através de quotas definidas pela União Europeia ou de medidas de proteção das espécies, como é caso da sardinha; o número de dias efetivos de pesca, dependente de fatores externos, tais como as condições climatéricas e a agitação marítima; o número de embarcações com licença de pesca para determinadas artes; e o estado de exploração dos stocks” são fatores apontados pela presidente da Docapesca, Teresa Coelho, para a redução das capturas.

Já quanto à subida do preço médio por quilo, Teresa Coelho refere que traduz “uma tendência de valorização do pescado, devido à existência de condições que permitem garantir maior qualidade do produto”, potenciando “um comércio mais justo, e mitigando-se a diferença entre o preço médio em lota e o valor de venda do comerciante/grande superfície ao consumidor final”.

O preço difere

A evolução do preço do peixe não é uniforme em todas as lotas do país, desde logo, por serem diferentes as espécies descarregadas, cada uma com o seu valor de mercado. Por exemplo, o preço médio mais elevado foi registado no ano passado na lota de Vila Real de Santo António (11,43€ por quilo) e o mais baixo na da Figueira da Foz (1,19€), embora o maior aumento se tenha verificado na Costa da Caparica.

Sobre esta evolução, a presidente da Docapesca explica que, de facto, “a mesma espécie tem diferentes preços nas diferentes lotas. No caso concreto da Figueira da Foz, as duas espécies mais vendidas em 2016, foram o carapau e a cavala, cujos preços médios foram respetivamente, 0,71€/kg e 0,30€/kg. Na lota de Vila Real de Santo António, predominam os crustáceos, tais como, lagostim, gamba-branca, carabineiro-cardeal, espécies consideradas nobres e muito valorizadas, o que influencia, de forma decisiva, o preço médio obtido em lota”.

Admite, contudo, que “podem existir lotas, como Sesimbra, Peniche, Costa da Caparica, entre outras, onde espécies como tamboril, pescada ou linguado, podem ter sido vendidos por um preço/quilo superior ao de Vila Real de Santo António”.

Em todo o caso, 2016 foi o ano do polvo, que destronou a sardinha, em termos de valor de vendas em lota, totalizando 35,9 milhões de euros. Biqueirão, lagostim e corvina foram outras espécies que viram reforçado o seu valor nas vendas. Já as espécies mais tradicionais em Portugal – sardinha, carapau e cavala – perderam valor. No total, foram mais as que desvalorizaram (155 espécies) do que as que aumentaram o valor (143).

Valorização em 6 anos

Na comparação com 2010, a Docapesca assinala que houve uma valorização na grande maioria das 20 espécies mais relevantes em Portugal, com a exceção apenas de quatro: carapau, biqueirão, linguado e lagostim. Já agora, as que mais valorizaram foram a gamba branca, o galo negro, a dourada, a lula e, em quinto lugar, a sardinha.

Abundância em 2011

Nos seis anos considerados, a menor oferta ocorreu em 2014 (apenas 95 mil toneladas), ano que coincide com os preços médios mais elevados: 1,90€ por quilo. Em sentido inverso, a maior abundância deu-se em 2011 (129 mil toneladas), embora o preço mais acessível não se tenha verificado nesse ano, mas sim, no anterior (1,55€ por quilo).

Cerco líder em quantidade

O peixe que chega aos barcos pode ser capturado por arrasto, em embarcações polivalentes ou com artes do cerco. No ano passado, a maior quantidade de pescado chegou à lota proveniente do cerco, que é a modalidade usada, por exemplo, para pescar sardinha. Foram 53 mil toneladas (menos 20% do que em 2015). Mas, o peixe mais valorizado chegou por via das embarcações polivalentes (pesca artesanal), na ordem dos 3,62€ por quilo.

Notícias da Gandaia

Jornal da Associação Gandaia

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