Noites do Lugar Comum

Na próxima sexta feira dia 12 de outubro terá lugar a primeira das “Noites do Lugar Comum”, uma iniciativa que procura dinamizar o Gandaia Clube todas as sextas feiras. Nesta, a sessão inaugural, o título é “Deus no Silêncio entre as Notas de Música”, andandio em torno do trabalho de Arvo Pärt.

O que são as Noites do Lugar Comum
Lugar Comum é sinónimo de chavão, de cliché. Ou seja, de coisa tão trivial, que perdeu qualquer novidade. Ainda assim Alexandre O’Neill deu-lhe tanta importância, que até o enfiou no título de um dos seus poemas («A Morte, esse Lugar-Comum»).
Em tempos houve quem julgasse que Lugar Comum queria dizer Casa de Banho, já que costumava ser de serventia coletiva, pelo menos de todas as amplas famílias existentes antes da descoberta da pílula anti contracetiva.
Segundo um programa da Antena 2 – diga-se de passagem, muito interessante! -, atribui-se a Baudelaire a frase: “Há lá coisa mais excitante do que o Lugar Comum”. Se o disse ou não ainda estará por esclarecer, já que googlando não se vislumbra essa confirmação. Mas, fordianos que somos, seja verdade ou não, tendemos para a lenda quando ela se nos afigura mais aliciante. Daí a escolha do título AS NOITES DO LUGAR COMUM para os encontros de algumas sextas-feiras de cada mês no Clube Gandaia. Porque ocorrem no lugar comum dos associados e amigos, que queiram vir refletir e debater assuntos distintos dos que andam na espuma dos dias. Porque procurar-se-á que eles sejam tão excitantes, que permitam a cada um dos participantes a sensação de sair enriquecido do par de horas investidos em os aprofundarem.
No dia 12 de outubro o tema será a música de Arvo Pärt, um compositor contemporâneo, que dá importância substantiva aos silêncios prolongados entre as notas de música dispostas nas partituras. Será que Deus, em quem ele acredita, residirá nesses espaços entre sons?
A Beleza das peças de Pärt pode-nos servir de consolação para tudo quanto nos angustia ou inquieta? Fará sentido que a nossa civilização cristã ocidental tenha condenado Eva como responsável pela expulsão de Adão do Paraíso, quando o verdadeiro culpado deve ser encontrado noutra direção? E o que dizer da capacidade de criadores notáveis serem capazes de dobrarem ateus aos seus conceitos e porem-nos a apreciar as obras concebidas para a glorificação divina? E isto tanto vale para Pärt, para Bach, para Miguel Ângelo ou Caravaggio…
Se as imagens, os sons e as conversas se apressarem sobre este tema, fica de reserva um outro: o da vida e obra de Sigmund Freud.

 

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