A Troika e a Costa da Caparica

A reportagem que aqui transcrevemos está no Jornal de Negócios na Internet, apesar da sua autora, Arlinda Brandão ser da Antena 1. O texto é muito interessante, especialmente no que refere ao preço dos transportes, mas também para a compreensão das possíveis alterações quantitativas e qualitativas do público estival.

Vai-se de transporte público e carrega-se a lancheira. A troika a isso obriga.

Para ir à praia a gastar o menos possível, apanhámos o autocarro na praça de Espanha que saia do Areeiro para a Costa da Caparica.

Um bilhete apenas de ida no motorista custa 3 euros e 20 cêntimos. Enquanto se compra o bilhete, olhamos para dentro do autocarro que vem cheio. Perguntamos se os passageiros se queixam do preço da viagem, e o motorista responde que se queixam é da troika.

Segue o autocarro , sentamo-nos junto a Maria Orquídea, e depressa se fica a saber que tem 55 anos, trabalha num restaurante e o marido é taxista. Vem de Alverca, apanha o comboio , paga 3 euros de ida e volta para o Areeiro, onde apanha este autocarro até á Costa. A viagem para ir à praia fica-lhe por cerca de 8 euros, tendo o cuidado de usar bilhetes pré-comprados, mais baratos. “Se vier a semana toda não dá, venho duas vezes por semana” – desabafa.

Nas mãos traz a lancheira: “uma frutinha, um iogurte, uma garrafinha de água e está bom ! É só mesmo para aguentar o estômago até chegar a casa”. E não gasta nem uns trocos, pergunta-se. “Não, eu só levo a senha do autocarro e 2 ou 3 euros no bolso se for preciso, mas não costumo comprar nada”.

Não é preciso grandes contas, para concluirmos que precisaria de pelo menos o dobro deste dinheiro para comer no restaurante da praia.

Antes de acabar a conversa ainda acrescenta : “Quem tem bons ordenados é capaz de escolher outros destinos, mas quem vive do ordenado mínimo, não pode ir muito longe e tem de optar por estas praias aqui perto”.

Cerca de meia hora depois do autocarro sair da Praça de Espanha , chega-se à praia. Liliana agarra o filho pela mão e desce apressada para o areal, quer aproveitar ao maximo este mar e esta praia de que tanto gosta. Também vem carregada com a lancheira, mas tem de ser para poupar: “Nunca comemos nos restaurantes , trago sempre o nosso almoço; sandes , iogurtes e sumos ” .

Depois de se queixar que partiu o guarda sol e que é mais uma despesa, faz uma pausa na conversa para fazer contas. O filho Tiago de 4 anos ainda não paga, “mas paguei 4 euros só para vir; o preço dos transportes aumentou muito, o ano passado paguei 4 euros e 10 cêntimos de ida e volta, e este ano foi 4 euros. Estou chocada”.

Ver reportagem original no Jornal de Negócios.

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