Olhos no Céu

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) promove nesta altura do ano vários censos de aves, nos quais qualquer cidadão com interesse pode participar, uma vez que em alguns casos, são apenas necessários conhecimentos básicos de observação de aves. Estes censos, que dependem do apoio de voluntários de todo o país, são fundamentais para que seja possível fazer uma avaliação das populações de muitas espécies de aves selvagens e também dos seus habitats. Em 2016 participaram mais de 1 100 voluntários ao longo de todo o ano.

Estas ações de voluntariado que contribuem com dados para estudos científicos, denominadas de “citizen science”, envolvem anualmente centenas de voluntários que querem usar o seu tempo para contribuir para a ciência e ambiente. Estes dados servem de base para muitos projetos, designações de áreas com estatuto legal de proteção (como as Zonas de Proteção Especial, áreas da Rede Natura 2000) e também para lutar por algumas espécies de aves que enfrentam declínios assustadores, como é o caso da rola-brava, cuja população europeia decresceu 73% nos últimos 20 anos.

Para quem gosta de passear na praia durante o inverno, o Arenaria é um projeto de censos de aves costeiras que decorre até 31 de janeiro. Consiste em dar um passeio ao longo da costa (em locais definidos, à partida, com a organização) e ir contando pilritos-das-praias, rolas-do-mar, e outras aves que por ali se observem.

As Contagens de Aves no Natal e Ano Novo também decorrem até 31 de janeiro, mas começam antes do Natal. A metodologia é simples e são realizadas em zonas agrícolas, visando estimar as populações de espécies não-passeriformes assim como picanços, corvídeos e estorninhos.

Para quem gosta de aves noturnas, existe o NOCTUA – Programa de Monitorização de Aves Noturnas. O Grupo de Trabalho sobre Aves Noturnas da SPEA, constituído por voluntários, está focado em promover o estudo e conservação de mochos, corujas (Strigiformes) e noitibós (Caprimulgiformes) em Portugal, promovendo o NOCTUA, que decorre de 1 de dezembro até 15 de junho.

O Censo de Grous é também um programa de monitorização realizado no Alentejo, região conhecida como zona de invernada da espécie. Este censo tem duas fases, tendo uma já decorrido. Mas os interessados ainda podem participar na segunda fase a decorrer entre 20 a 22 janeiro.

Muito proximamente irá realizar-se também o Censo de milhafre-real invernante em todo o país. Este censo decorre entre 14 a 22 janeiro e também precisa de voluntários.

Para além dos censos a decorrer neste momento, a SPEA coordena outros programas de monitorização ao longo do ano. Na altura da primavera estão planeadas as contagens para o Atlas das Aves Nidificantes, o projeto Chegadas, o Censo de Aves Comuns e os Censos de mantas/milhafres na Madeira e Açores.

Todos estes censos têm metodologias específicas e os interessados devem contactar previamente com a SPEA. Os dados são inseridos online no PortugalAves/eBird e depois analisados e divulgados pela SPEA ao público.

De acordo com o Diretor Executivo da SPEA, Domingos Leitão, “ estas contagens são extremamente importantes para a conservação das espécies de aves e para o trabalho da SPEA, por isso o envolvimento de voluntários motivados é fundamental para se alcançarem bons resultados. A compilação e análise dos dados permite posteriormente avaliar quais as espécies que se encontram em situações mais dramáticas e fazer um plano de ação para trabalhar na origem das ameaças. Por isso apelamos a que quem goste de natureza e queira abraçar um desafio, participe no censo com o qual mais se identifica e para o qual tem conhecimentos. As metodologias diferem de censo para censo e é provável que o grau de conhecimento do voluntário determine qual o censo em que se sente mais à vontade. De início, poderá ser uma maisvalia voluntários menos experientes juntarem-se a outros com mais experiência de modo a aprenderem e de uma próxima vez irem sozinhos.”

Quem desejar participar deverá consultar informação no site da SPEA e contactar-nos para que seja atribuído o local onde vai recolher os dados.

 

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