Quercus: Proteger Arriba Fóssil

A vice-presidente da Quercus defendeu hoje a “renaturalização da orla costeira, mais restrições e reforço da fiscalização” na zona de paisagem protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, que hoje celebra o 30.º aniversário.

Carla Graça adiantou à agência Lusa que “na Arriba Fóssil houve muitas coisas muito bem feitas nos últimos 30 anos, mas existem muitos riscos, que têm a ver com o facto de ser uma zona muito urbanizada, com muita população e ser uma zona apetecível para o lazer”.

“Temos aqui todo um conjunto de práticas que são menos desejáveis e que podem colocar em risco os valores em presença”, acrescentou a ambientalista, lembrando que estava prevista a retirada de parques de campismo, que ainda não foi concretizada, a par das indefinições que subsistem em torno do programa Polis da Costa de Caparica, justificando assim o que chamou de “renaturalização”.

Segundo Carla Graça, a Quercus aproveita o aniversário das áreas protegidas para fazer a avaliação do que tem sido cada área protegida e o que se vislumbra para esses espaços num futuro próximo.

Arriba 350(LUSA) A definição de zonas de proteção para espécies prioritárias, medidas de conservação da área florestal da Mata Nacional dos Medos e a promoção de atividades ligadas ao ecoturismo, como a observação da avifauna, passeios pedestres e mergulho, são outras medidas propostas pela Quercus neste 30.º aniversário da zona de paisagem protegida da Arriba Fóssil.

Como refere um comunicado da Quercus, a criação da zona de paisagem protegida da Arriba Fóssil “permitiu valorizar o património natural já existente e aumentar o conhecimento sobre o local, com a implementação de programas de monitorização de aves aquáticas na Lagoa de Albufeira, Lagoa Pequena e Lagoa da Estacada”.

Por outro lado – acrescenta o comunicado – possibilitou a realização de “estudos sobre a distribuição ecológica de espécies relevantes, como a lontra, rato-de-cabrera e víbora-cornuda, com a identificação e monitorização de abrigos de morcegos e com o aumento da investigação científica no domínio lagunar e marítimo”.

A Quercus adverte, no entanto, que a Arriba Fóssil da Costa de Caparica, localizada perto de grandes centros urbanos e com interesse balnear, “tem vindo a sofrer ao longo dos anos várias alterações provocadas por atividades humanas”.

A associação para a conservação da natureza dá como exemplo a “elevada pressão urbanística, na circulação automóvel (de que é exemplo a tentativa de construção da Estrada Regional 377-2 atravessando a zona mais bem preservada da Mata dos Medos), a construção clandestina junto às encostas da arriba e na deposição de resíduos”.

“Verifica-se também uma forte pressão turística, que se reflete na construção de segundas habitações, no campismo ilegal e na utilização indevida da zona dunar para a prática de desportos todo-o-terreno”, acrescenta o comunicado, alertando para os erros cometidos na gestão do território.

“As decisões erradas do Estado português em termos de ordenamento e gestão do território traduzem-se na construção em massa em zona dunar e na construção de esporões e paredões para proteção de bens materiais, subestimando os cenários com efeitos das alterações climáticas em curso”, refere o comunicado da Quercus.

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Jornal da Associação Gandaia

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