Cultura: Câmara Contra D.G.Artes
Inês de Medeiros não foi de meias palavras e, no fim da semana passada, em declarações à agência Lusa, a presidente da Câmara de Almada considerou “uma inconsciência absoluta e de falta de noção” os cortes da Direcção Geral das Artes (D.G.A.) ao financiamento da Companhia de Teatro de Almada (C.T.A.) no âmbito dos concursos do Programa de Apoio Sustentado.
Precisando as suas palavras, a presidente afirmou que é “de uma inconsciência absoluta e de uma falta de noção, pois estamos a falar do Festival de Teatro de Almada”, que, sendo em Almada, “é sobretudo o grande evento teatral do país”. Inês de Medeiros acrescentou que, este ano, os subsídios atribuídos à C.T.A. sofreram um corte de 110 mil euros, o que acontece “a poucos meses” do início da 35.ª edição do festival, que se realiza entre 4 e 18 de Julho, pondo em causa a programação preparada pela companhia.
Embora recebendo um apoio de 312 mil euros, a C.T.A. vai receber menos 110 mil euros do que em 2017, disse a autarca eleita pelo Partido Socialista (P.S.). Referindo que o Festival de Almada é “um dos melhores cartões de visita do concelho e do país”, e lembrando que o município “já financia mais do que o próprio Estado”, com esta decisão, acusa, a D.G.A. “demite-se do financiamento do maior evento teatral” em Portugal. “É uma situação que eu acho que é preciso não ter nenhuma consciência, nem conhecimento. E, portanto, lamento, mas até duvido da competência para se julgar em pé de igualdade candidaturas” que incluem “o maior evento teatral do país, mais programação” com outras “que têm apenas programação. Não estou a fazer nenhuma crítica aos teatros que têm apenas programação. Agora, obviamente, não podem ser avaliados da mesma maneira”. Por isso, conclui Inês de Medeiros, “o Estado continua a não reconhecer o Festival de Almada como aquilo que ele é, o grande momento teatral, o grande festival internacional de teatro que temos em Portugal”. O qual, recordou, tem um prestígio acumulado ao longo dos anos, fomenta relações entre outros municípios, como o de Lisboa, e ainda contribui para a internacionalização da cultura portuguesa. “E tudo isto, em vez de ser protegido e salvaguardado, é quase condenado”, conclui.