Terminal de Contentores
O projeto do novo terminal de contentores que chegou a ser pensado na Trafaria e obteve grande contestação, continua o seu percurso, mas agora no Barreiro.
Depois do recuo do primeiro projeto, o segundo estudo de impacto ambiental à construção do futuro terminal de contentores do Barreiro, que vai duplicar a capacidade do rio Tejo para receber contentores, volta a identificar as mudanças na paisagem como o maior impacto negativo da infraestrutura.
A obra – que, ao lado do novo aeroporto no Montijo, será uma das maiores dos próximos anos em Portugal, com um investimento a rondar os 500 milhões de euros, ganhando dezenas de hectares ao rio – é avaliada, globalmente, pelos técnicos como positiva, sobretudo pelos impactos sociais e económicos relevantes, nomeadamente na Margem Sul.
O documento já em consulta pública (até 7 de dezembro) destaca que a capacidade do atual Porto de Lisboa para receber contentores estará esgotada em 2025 ou 2026, pelo que é “imprescindível” avançar com a obra e o Barreiro é a localização mais viável.
Os impactos sobre a paisagem
Recorde-se que a construção do novo terminal de contentores no Tejo é um tema antigo, em discussão desde a década de 1980. O anterior Governo chegou a anunciá-lo para a Trafaria mas teve de recuar depois de muita contestação.
O primeiro estudo de impacto ambiental para o Barreiro também teve de ser refeito para colocar o terminal numa área que afete menos a paisagem ribeirinha do concelho depois dos fortes protestos da câmara municipal.
O novo estudo afirma que, mesmo com as mudanças implementadas, esperam-se “impactos negativos muito significativos” e de “magnitude forte” na paisagem, em grande parte devido aos pórticos ou gruas que irão mover os contentores, bem como aos navios de grande dimensão.
Os impactos são considerados “muito significativos” para quem vê a paisagem a partir do Barreiro e “pouco significativos, de magnitude fraca a média”, para quem vê de Lisboa.
Cores amigas da paisagem
Os técnicos que fizeram a avaliação de impacto ambiental defendem que os impactos negativos na paisagem podem ser minimizados, mesmo que essa redução nunca possa ser muito relevante tendo em conta a dimensão da obra.
São propostos estudos para encontrar os materiais e cores com menor impacto, bem como que se instalem pórticos “com as menores dimensões e robustez possíveis”, mas dentro do que há no mercado e cumprindo as necessidades da estrutura.
É ainda proposto que se faça um projeto de integração paisagística do terminal do Barreiro, usando, por exemplo, espaços verdes de enquadramento que “amenizem” as estruturas construídas e o funcionamento do terminal.
Finalmente, deverá avançar-se com um concurso de ideias para integração paisagística do projeto com abordagens diversas e inovadoras para enquadramento visual do terminal e da sua relação com as áreas urbanas envolventes.
Barreiro deve aprovar obra
O presidente do município do Barreiro adiantou à TSF que tudo indica que o novo projeto agora posto em consulta pública resolve a maioria dos problemas que levantaram depois de verem o primeiro estudo e que levaram o Governo a reformular a obra.
Frederico Rosa destaca que é normal que uma infraestrutura desta dimensão tenha impactos, nomeadamente paisagísticos, mas o importante é que o Governo aceitou mudar bastante o projeto original, tendo agora muito menos impacto visual sobre a marginal ribeirinha, apesar de ainda existir a necessidade de avançar com medidas mitigadoras.
A associação ambientalista Zero aponta, no entanto, limitações e lacunas ao estudo de impacto ambiental agora fechado.
A Zero adianta que será preciso uma análise mais profunda, mas há parâmetros que parecem ter sido negligenciados pelos técnicos, por exemplo ao nível do impacto sobre a qualidade do ar de mais navios a circular no rio Tejo, bem como de mais camiões a transportar contentores.