A Utopia
Utopia, palavra tão desdenhada, desprezada e desrespeitada por todos os que querem perpetuar os privilégios que possuem e que, na sua estreiteza de espírito, a associam à loucura. Eles não sabem, nem querem saber, movidos como são pela ambição material, que Utopia, na sua humildade, apenas significa sonho.
Para aqueles que, mais preocupados com os valores espirituais, ainda têm a capacidade de sonhar e de acreditar num mundo melhor, esta palavra além de sonho significa, esperança, desejo, fraternidade e, num plano superior, paz.
Dizem-nos, e querem-nos fazer crer, que a utopia é o coroar do irrealizável. Dizem-nos isso, os que não se permitem ao relaxamento (de uma quimera ou de um devaneio). Para eles, a vida é terrena, real, como afirmam, não obstante serem devotos de religiões que têm como dogma, uma outra vida na eternidade. Mas a Utopia é a capacidade do realizável, só que num outro tempo, num tempo que ainda é o do sonho.
Sabendo que no princípio da humanidade, os homens apenas se serviam de uns resquícios da sua capacidade cerebral e que, actualmente, o homem moderno, dela utiliza somente uma ínfima parte, pergunto como será o homem quando tiver capacidade de utilizar o seu cérebro na totalidade, e em que época isso ocorrerá? Não tenho respostas para estas indagações mas penso que, forçosamente, o homem tenderá a desligar-se cada vez mais da matéria e a tornar-se num ser espiritual, aquilo a que poderíamos chamar de semi-deus.
Esse ser, finalmente pensante, percorrerá um caminho a que alguns filósofos – chamemos-lhes profetas ou génios – já arriscaram definir e chamar Anarquia. Essa sociedade utópica de homens iguais e livres, tenderá realmente a existir e, quando acontecer, o que chamamos hoje de Utopia, deixará naturalmente de o ser.
Reinaldo Ribeiro
19/08/2006
Gosto muito da tua crónica. A utopia procuro-a todos os dias nos meus sonhos acordado.