Gente da minha Terra
Foi em Veiros, neste Alentejo que sempre transporto na minha alma de caminhante sonhador, amigo da Natureza e dos horizontes abertos, que se formou esta equipa de pequenos jogadores de futebol. Tudo se passou nos finais dos anos quarenta, do século passado. Todos eram alunos na Escola Primária, alunos da professora D. Alice de Jesus Badalo, e possivelmente, não tenho a certeza, da 4ª classe.
Meu Pai mandou fazer na costureira 22 calções, 11 azuis para a nossa equipa, e 11 encarnados para os jogadores do grupo que iríamos defrontar, os rapazes da nossa idade, da aldeia vizinha de Santo Amaro. O jogo foi lá, na eira do Monte dos meus avós maternos, e o arbitro era de Veiros, o amigo de meu Pai, Isaurindo Marvão Gil. Foi o primeiro jogo de futebol que alguma vez se realizou naquela aldeia tão alentejana, rodeada de montados de azinho e sobro, onde passei muitos anos das minhas férias, durante a minha infância e juventude. Juntamente com Veiros, tenho aí as mais profundas raízes da minha Vida.
A foto foi tirada por meu querido Pai e nela podemos ver (sempre da esquerda para a direita), de pé: Canoa I ( o guarda-redes), Barroca, António Zuzarte, Canoa II, Henrique Painha e Coelho; agachados: Lourenço, Barra, Estevão, Grave e Alexandre Travanca. Onze miúdos ainda sem saberem o que a Vida lhes iria reservar. Seguiram caminhos certamente diferentes depois de acabarem a instrução primária. Nos dias de hoje sei que alguns já não estão entre nós e não poderão ler esta crónica. Talvez seus filhos ou netos a possam ver, e recordar histórias que lhe contaram dessas aventuras desportivas de seus antepassados.
É mais uma pequena crónica das Gentes da Minha Terra.
António José Zuzarte, Costa da Caparica, 14 de Fevereiro de 2019.
Tempos de inocência e saudade!