Era não Era um Grifo?

Vai nisto, sem aviso nem qualquer tipo de anúncio ou mesmo prenúncio, o passarão pousou em Santo António, no Jardim Arco Íris.

Imediatamente vozes se ergueram contra “esses do norte que estão sempre com a mania… agora lá porque apareceu uma espécie de perú…”

Chamaram-se as autoridades, a GNR que é uma espécie de polícia que é também militar e ainda os bombeiros, que são uma espécie de militares, mas da paz. E dos fogos. E das fechaduras cuja chave emigrou para os longes do sabe-se lá. Bom, e dos etc, para abreviar, que ninguém tem assim tanto tempo.

Os mirones, claro, ninguém precisou de os chamar. Esses estão em todo o lado quando alguma coisa acontece e mesmo quando não acontece. Estava quase tentado a dizer que simplesmente estão em todo o lado, mas afastei esses pensamentos ímpios.

Pois lá estava ele. Quase impávido, quase sereno.

Era um abutre. Parecia, sim. Que era um grifo, coisa semelhante, mas do Egito, sem p, que com isto da crise poupámos até nas consoantes mudas. Mas era, parecia um grifo, mas sem a careca… “É porque é jovem”, alvitrou o empregado de mesa, feliz pela oportunidade.

E bombeiros e militares tentando apanhar a ave. Debalde. Não era com um balde. Até um drone entrou em cena, mas também debalde. O senhor grifo foi para onde muito bem lhe aprouve.

Mas gostou de Santo António, porque voltou no dia seguinte com cara de “aqui está-se bem”. E lá voltou a soldadesca e os mirones, claro. Ah e o drone, também, pois então.

Ora tudo isto merece muito bem merecida uma banda sonora apropriada dos Gaiteiros de Lisboa. Primeiro, porque são excelentíssimos e não estou a ver ocasião em que não possam merecer ser ouvidos. Depois porque a letra calha a matar. Ora oiçam lá…

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