GEOTA Provoca
Recentemente dois outdoors colocados na Costa da Caparica e em Espinho provocaram a discussão pública, devido à possibilidade de as duas praias serem transformadas em empreendimentos de grandes dimensões.
O GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, veio agora anunciar que os outdoors com a mensagem “Quer ver um(a) Caparica/Espinho diferente?” e a imagem de uma possível marina, em 3D, divulgada com a marca “Novas Paisagens”, é afinal uma campanha de sensibilização ambiental.
A iniciativa tem como objetivo alertar os cidadãos para o facto de as barragens contribuírem para a retenção de sedimentos, deixando as praias sem areia, e apelar a que assinem por uma nova lei que ajude a travar essa possibilidade, protegendo os rios livres em Portugal. A Iniciativa Legislativa de Cidadãos para criar um estatuto de conservação de rios livres e impedir estas “novas paisagens” no país já está a decorrer.
Segundo Ricardo Próspero, Coordenador Técnico e Científico no GEOTA: “As barragens, embora possam estar construídas a centenas de quilómetros de distância das praias, têm um impacto muito grande no que diz respeito à sua preservação, uma vez que as infraestruturas interrompem o caudal natural das águas e dos seus sedimentos. (…)O objetivo desta campanha é precisamente o de criar esta proximidade ao problema e alertar os portugueses para a necessidade de ajudarem a evitar que as praias, onde vão habitualmente com as suas famílias e que são um bem natural único e acessível a todos, desapareçam, dando espaço à construção de empreendimentos exclusivos ou estruturas artificiais de proteção da costa, que afastam a maioria ou a totalidade da população do seu usufruto. Felizmente, os projetos são fictícios, mas, em breve, esta pode ser a realidade de muitas das praias portuguesas.”
João Dias Coelho, Presidente do GEOTA, afirma “Se projetos fictícios como estes podem ser polémicos, porque é que as mais de 8 mil barreiras existentes nos rios de Portugal, muitas delas obsoletas, não geram discussão? Além disso, todos os anos são investidos milhões de euros para restaurar praias e dunas, bem como construir paredões e outras estruturas pesadas para proteger localidades que já se encontram ameaçadas pelo avanço do mar. Cimentar a nossa costa com estruturas em betão como resposta à perda de praias não é solução.”