Democracia Operária
Os cortes no estado social, o roubo dos banqueiros, a privatização da saúde e da educação, a justiça classista, etc., são unicamente os sintomas e não a causa da enfermidade do sistema.
Quer o PSD, o PP e o PS, são todos partidos do arco do governo que ao longo de 38 anos se têm alternado no roubo aos mais desfavorecidos e no desmantelamento do estado social. Todos trabalham a favor do capitalismo mundial à imagem e semelhança do que se pratica nos EUA, um mercado livre onde cabem todos os negócios que possam beneficiar a oligarquia dominante; o neo-liberalismo tem como objectivo dominar todas as nações a fim de construir um império global de mercado, escravizando os trabalhadores à vontade do mercado.
O governo é um lacaio da UE e do FMI e executa as ordens para castigar os trabalhadores por terem conseguido direitos e salários que não são competitivos para os negócios com o exterior, e não param no esforço titânico de mudar leis, com vista a tornar-nos num rebanho de ovelhas mansas, sem qualquer tipo de direitos.
Os partidos de esquerda a quem caberia uma acção revolucionária, estão parados e não contra-atacam de forma contundente, contra este plano sinistro. As classes trabalhadoras não respondem à luta de classes, senão através dos colectivos sociais descafeinados de ideias revolucionárias efectivas. Duma maneira mais clara, estes movimentos não respondem à luta de classes, mas apenas aos seus salários, como se uma coisa não estivesse ligada à outra. Fazem-no sobretudo, sob um falso estandarte com o qual a direita os mantém mal informados amalgamando-os em movimentos cidadanistas, a criar um espírito anti-marxista, com frases como “nem de direita, nem de esquerda”, que expressam bem o medo da direita neo-liberal a uma mudança de sistema que os destruiria. Assim, a juventude sem se dar conta, utiliza as bandeiras da direita, unindo-se a eles com a falsa sensação de que são uns rebeldes com uma causa que afinal é ideada e controlada pela direita neo-liberal. O pior é que nem se dão conta de que estão a ser usados por aqueles que julgam estar a combater.
Quem beneficia de toda esta trama são os partidos do arco do governo, os neo-liberais europeus e sobretudo os donos do grande capital. Os protestos não estão adequadamente dirigidos a quem deveriam ser dirigidos, por não serem utilizados os meios que os autênticos defensores da classe trabalhadora, há muitas décadas puseram ao dispor. Os marxistas, que abriram caminho à esperança e deram uma nova vida à classe trabalhadora que é a nossa classe.
Se não aprendemos de todo as lições da história, os que se movem na sombra, aproveitarão do nosso sofrimento e sem sequer nos darmos conta, ajustarão de novo as grilhetas da escravatura.
O sec. XXI? Já o encontrei infelizmente! É esse que está aí. O séc. do retrocesso civilizacional, o séc. em que a saúde, a educação, a segurança social e a justiça são só para quem os possa pagar. O séc. em que ter um tecto é só para alguns e onde os patrões têm o caminho livre para descartar e contratar trabalhadores a preço de saldo. O séc. em que voltámos à sopa do Sidónio. Tudo a bem da competitividade, claro.
E sim, sou camarada: dos que sabem qual é a classe a que pertencem e não renunciam à luta; dos que não se envergonham de ser proletários nem embarcam na inevitabilidade das políticas neo-liberais e do pacto de agressão, imposto pelo capitalismo internacional. Desses sou camarada.
Na mouche, Jorge.
Avante camarada. Um dia encontrarás o século XXI.