Arte-Xávega no Meco
Os últimos resistentes da antiga arte xávega
Publicado em 2010-08-15 no Jornal de Notícias (veja o excerto do artigo publicado na Internet aqui)
Este é um dos mais antigos e característicos processos de pesca artesanal, ainda muito praticado na Nazaré. Na Aldeia do Meco restam apenas quatro barcos, mas chegaram a ser oito. “Isto tem vindo a piorar de ano para ano. Este ano, só se pesca cavala, que não tem valor comercial. Carapau, lula e sardinha há muito pouco”, desabafa Rogério Neves, 63 anos, mestre do “Nova Esperança”.
Chega mais um barco da faina e, de imediato, forma-se um aglomerado de gente à volta deste. Ao longe, quem não se aperceba, julgará que alguém se afogou ou se sentiu mal.
Miúdos e graúdos prontificam-se a ajudar os pescadores a puxar a rede para terra firme, o que exige grande esforço físico. “É a segunda vez que vejo descarregarem o peixe e ajudo sempre a puxar a rede. É divertido”, conta Raúl Araújo.
“Isto é uma autêntica festa para os turistas, mas, às vezes, atrapalham -nos”, queixa-se o pescador Ilídio Coelho, 68 anos.
Uma vez estando o saco (o local da rede onde se acumula o peixe) em terra, é altura de recolher o peixe. Os mais pequenos riem-se ao verem-nos ainda a mexer por entre as malhas e tentam apanhá-los. Alguns entretém-se a atirar os peixes mortos para junto do imenso bando de gaivotas que entretanto se formou à beira da praia.
Enquanto isso, as mulheres dos pescadores afadigam-se na separação dos vários tipos de peixe, para mais tarde os levarem para a lota, mas há sempre alguns que são oferecidos a quem por ali anda.
Aldeia do Meco, município de Sesimbra. Para além das praias e do naturismo, há um outro mundo, uma outra vida, que se desenvolve também ao sabor do mar.