COSTAPOLIS: Junta de Freguesia acusou cedência aos “lóbies da linha do Estoril e Algarve”.
O presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica afirmou-se indignado com o fim do programa Polis e acusou os poderes políticos de prejudicarem a cidade por cederem aos “lóbies da linha do Estoril e Algarve”.
O Estado, acionista maioritário, anunciou esta quarta-feira que a sociedade responsável pelo programa Polis na Caparica será liquidada até junho de 2014, segundo revelou a Câmara de Almada (acionista minoritário) no final de uma reunião da assembleia geral da CostaPolis.
Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, António Neves (PSD), afirmou que a cidade precisava do programa de reabilitação urbana “como de pão para a boca”, referindo que o Polis permitiria “transformar uma terra com vocação turística, com uma capacidade enorme dos seus recursos naturais, e tornar Lisboa na única capital europeia com um santuário destes a dez minutos de distância”.
Mas, sublinhou, “os poderes políticos não têm querido que isso aconteça por causa dos lóbies da linha do Estoril, Cascais e Oeiras e do Algarve”, lamentando: “É uma indecência completa”.
A Costa da Caparica “está a ser espoliada de uma intervenção que era urgente e necessária”, disse o autarca social-democrata, acrescentando: “A maior parte dos Polis estão a funcionar e este parou porque não temos lóbies”.
Para António Neves, o fim do programa Polis, quando apenas dois dos projetos estão realizados – frente urbana de praias e jardim urbano -, não se deve a falta de dinheiro.
“Redimensione-se o investimento, redimensionem-se os projetos, chamem-se investidores, mas a preços agradáveis”, defendeu.
O fim do Polis “é uma vergonha para toda a gente: para os sucessivos governos, para a Câmara de Almada e para o país, que está a desperdiçar um recurso natural fabuloso que se encontra a 10 minutos da capital”.
O autarca social-democrata aponta também o dedo à Câmara de Almada (liderada pela CDU): “Alguém anda a dormir. As ‘terras da Costa’, em vez de terem batatas e cenouras plantadas, têm anexos que são alugados a peso de ouro e de que as finanças não sabem. A Câmara não vê isto?”, questionou.
O programa – “o mais abrangente de todas as intervenções Polis” – tinha um investimento inicial previsto de 214,5 milhões de euros e envolvia oito “projetos estruturantes”, numa área total de cerca de 650 hectares e oito quilómetros de “uma linha de costa que constitui a praia, por excelência, da área metropolitana de Lisboa”.
António Neves garantiu que vai pedir esclarecimentos ao Governo e à Câmara de Almada sobre esta decisão de acabar com o programa Polis.
A Câmara de Almada votou contra, na reunião de hoje, a decisão do Estado, acusando o Governo PSD/CDS de “abandonar a Costa da Caparica, o seu potencial de desenvolvimento económico e ambiental e as populações”.
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