Menos pessoas chegam de autocarro
Aos olhos de Fernanda Marques, de 64 anos, que viaja até à Costa da Caparica sentada na última fila do autocarro, repetindo uma rotina de verão com décadas, esta crise não trouxe mais passageiros às carreiras da praia.
A Transportes Sul do Tejo (TST), que tem duas carreiras diretas a ligar a margem norte às praias da Costa da Caparica — a 153, que parte da praça de Espanha, e a 161, que parte da praça do Areeiro — confirma a análise da veraneante: nos últimos cinco anos os autocarros da empresa levaram menos 2 % de passageiros até à praia.
Fernanda Marques vive em Sacavém. Não tem carro, nunca tirou a carta de condução. Vem para a praia de autocarro desde sempre. Demora entre 30 e 45 minutos a chegar, dependendo do trânsito.
É divertido”, diz à Lusa: “Combino com as minhas amigas e a gente diverte-se mais assim. Já viste a quantidade de caras que a gente vê no transporte? No carro a gente olha para o lado e só vê uma, quando vê!”, explica.
Mas hoje, diz, há muito menos caras. Embora o autocarro que a leva do Areeiro à Costa da Caparica tenha todos os assentos ocupados, Fernanda Marques garante que a frequência diminuiu.
“Antes havia mais gente a viajar para a praia de autocarro. Ia muita gente de pé, mas agora não. Parece que está tudo muito triste para sair de casa. Ou é o tempo que está chocho, ou não há dinheiro, ou não há apetite e boa disposição”, justifica.
Rita Lourenço, da direção de comunicação e marketing da TST, confirma: “A procura tem estado muito estabilizada. Com esta crise temos aqui um decréscimo à volta dos 2 %, desde há cinco anos”, diz.
“Se é verdade que há pessoas que deixaram de fazer férias fora e, portanto, começam a utilizar o autocarro para virem para praias mais próximas da sua zona de residência, também é um facto que há outras pessoas que deixaram de vir. Portanto, um fator equilibra o outro e a procura mantém-se estável”, acrescenta.
Adérito Alves, de 58 anos, e Maria Helena Alves, de 56, vivem nos Olivais. Também eles são ‘habitués’ dos autocarros que ligam Lisboa e a Costa da Caparica: “Não temos carro”, explica ele. Como estão desempregados, não fazem “um horário muito certinho”, vão e regressam quando lhes apetece.
“A vantagem é que nós até fazemos a viagem dos Olivais até à Costa da Caparica numa hora, hora e cinco. Um carro geralmente apanha muito trânsito. Acaba por ser muito mais rápido ir na camioneta”, acrescenta ele.
Ambos concordam que agora veem menos pessoas: “Antes era sempre filas enormes, camionetas cheias. Então ali no Areeiro, as filas quase não tinham fim. Agora há menos gente”, conclui a mulher.
O preço dos bilhetes de bordo para carreiras diretas entre Lisboa e as praias da Costa da Caparica varia entre os 3,25Euro e os 4,05Euro.
No entanto, entre agosto e setembro, se o utente comprar o bilhete de ida, a TST oferece o de volta (a campanha é válida para bilhetes de bordo e para viagens no mesmo dia). O bilhete pré-comprado custa 1,35Euro.
A viagem pode ainda ser validada com o passe mensal Rede SAP, que faz a ligação entre Lisboa e as zonas de Almada e Seixal.
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