Crises Há Muitas…
A crise possibilita ao poder cortar no estado social, nos salários e nas pensões, ao mesmo tempo que mantém o povo refém. A crise actual não caiu do azul do céu, é uma crise sistémica, ou seja, advém da sintese detodas as contradições do capitalismo. Ela não aconteceu, ao contrário doque nos querem fazer crer, devido a termos gasto acima das nossas possibilidades, o que é mentira, mas, porque deriva da soma das contradições internas da acumulação do capital, e da ameaça à hegemonia dum determinado centro de poder.
As crises sistémicas do capital têm duas caracteristicas: são globais porque se expandem para lá do centro onde nascem e afectam as períferias; são políticas, porque num sistema capitalista, o sistema financeiro, os mercados, tendem a sobrepor-se aos interesses do estado. Ao contrário das crises cíclicas que o capitalismo se habituou a contornar, as crises sistémicas têm uma dimensão global e ocorrem em períodos mais largos, significam a exaustão de um ciclo de acumulação do capital e desorganizam o sistema económico, político e social que não encontram na experiência da ordem anterior, uma resposta eficiente, e ao mesmo tempo comprometem todas as instituições do próprio sistema.
Existe um perigo real para as democracias, sobretudo para as democracias representativas, de um golpe de estado, silêncioso, quando há uma coincidência entre o poder político e o poder económico. O pior de um golpe de estado é quando ninguém nota, porque os movimentos democráticos se afastaram dos problemas concretos da sociedade e o poder dos partidos se deteriorou. O capital abafa a democracia porque detém o principal dispositivo de produção ideológica, os meios audio-visuais, antecipadamente privatisados. 90% do discurso político é distribuido através da TV e a oposição verdadeiramente de esquerda não consegue competir com este potente meio de difusão.
Assim, é importante dar visibilidade, tornar publico o descontentamento dos traballhdores, dos pensionistas, das populações em geral, face aos cortes nos seus direitos e denunciar as medidas do governo ao serviço do capital estrangeiro mas, estas acções necessitam de ser desenvolvidas no contexto e organização partidária, assumindo as técnicas e formatos para a construção dum discurso de esquerda que jogue com as regras do inimigo.