Ao Cair das Folhas

Outono2015Ao cair das folhas…

As árvores sobem para o céu, perdem as folhas, com os troncos cobertos de líquenes, dão-nos imagens poéticas… A seu lado ,bem perto, outras já mortas, apodrecidas, acolhem os cogumelos que agora crescem também… É a renovação da Natureza neste tempo de mudança, entre o chilrear dos pássaros, dos tordos e das toutinegras, que chegam do Norte, para fugir da neve e do rigor do Inverno… Também de África chegam  as primeiras cegonhas, que regressam agora mais cedo devido às mudanças do clima… É a grande viragem que está a acontecer. Pelos pousios, nestas planícies alentejanas, aparecem agora os abibes e as tarambolas e os montados cobrem-se de pombos bravos, tudo vindo também dos países nevados, frios, onde o Sol pouco aquece. É tempo de chegar o madeiro e a lenha para a lareira, ver a chama subir e recordar, recordar sempre, aqueles que connosco passavam os serões, falavam e contavam coisas simples da Vida, na companhia daquele lume que nos aquecia por fora… por dentro estávamos e estamos, tantas vezes, mais frios… Os corações não se aquecem com o calor das chamas e das brasas vermelhas, mas com muito, muito Amor… com carinho, com  Paz, com os afectos e a solidariedade entre as famílias e os amigos… e com a Paz que tem de existir em nós próprios, no nosso interior, no nosso coração e nas nossas mentes, temos que estar, primeiro que tudo, bem com nós próprios, para podermos amar e partilhar com os que nos rodeiam… mesmo com os que não conhecemos, mas que necessitam da nossa ajuda, ajuda material ou espiritual… Basta muitas vezes só uma palavra, uma mão no ombro, para consolar um amigo, um necessitado, um deslocado dos seus e das suas raízes.

As árvores perdem as folhas, enfrentam os frios e os ventos  deste Outono e do próximo Inverno, mas quando chegar o sol, o calor, a Primavera, elas vão de novo encher-se de folhagem, crescerem, servirem de abrigo para as aves e seus ninhos e de sombra para nos abrigarem também… Elas procuram o céu, com os braços, cada vez mais longos, erguidos como uma prece.

O Outono, se o soubermos admirar, também encerra muitos momentos de poesia… é um canto à Vida, um repouso para regenerar e tempo para meditar, sonhar, Viver…

 

António José Zuzarte, Costa da Caparica, Outubro de 2015.

One thought on “Ao Cair das Folhas

  • 16 de Outubro, 2015 at 10:06
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    Um texto carregado de poesia, a lembrar-nos da importância das coisas simples da natureza, do amor, da amizade e a convidar-nos a meditar, sonhar, viver… Muito bem, mais uma vez!

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