A Palavra Amo-te
Em que circunstâncias se deve empregar a palavra AMO-TE dirigida a um ser em especial?
Para mim esta é uma questão pertinente porque esta palavra tem um peso que poucos sabem avaliar.
Podemos empregá-la para definir a emoção forte que nos aperta o estômago contra as costas, provocando náuseas que estranhamente nos dão prazer, nos fazem soltar gargalhadas nervosas e risinhos fora de controle, ao simples avistamento da pessoa que por qualquer razão olhámos com um olhar diferente.
Podemos empregá-la quando o objeto da nossa especial atenção não nos dá a atenção que pretendíamos e damos por nós com os olhos rasos de lágrimas à simples visão de um beijo apaixonado da novela em voga, pretendendo que fossemos nós a viver aquele romance tórrido, esquecendo que tem um guião seguida à risca
Podemos pronunciar essa tão imensa palavra sim … mas devemos?
Qual é realmente o significado desta palavra tão banalizada?
Amar alguém é amar um ser inteiro, com carne que se enruga, se retraia, que tem marcas visíveis ou invisíveis, que se foram formando com o decorrer dos segundos e com as surpresas que os segundos carregam, com um corpo físico que mesmo com um invólucro belo, não deixa de ser composto por orgãos que para que a vida não se apaguem precisam de funcionar mesmo que provoquem ruídos e cheiros, como um animal no seu estado mais evoluído carregando em si ainda sentimentos primários que sobem à tona em determinadas circunstâncias, e com uma personalidade fruto de séculos de cruzamentos de todo o tipo, gerando uma entidade única e impar.
Na grande maioria das vezes o que atrai um ser humano para com outro são pequenos pedaços que gostamos e os que não nos agradam achamos que podemos mudar e ai está o primeiro erro.
Ninguém muda ninguém, ninguém quer realmente ser mudado por muito que tente se adaptar ao outro e empenhe nisso quase uma vida inteira.
Portanto a palavra AMO-TE só deve ser empregue quando amamos um todo e esse todo do outro é a continuação de nós mesmos.
Mesmo que esse todo tenha uma duração imprevista porque como bons seres humanos somos cada um à sua maneira imprevisíveis.