Arte-Xávega atacada pela Associação de Armadores de Pesca Industrial
Na Comissão de Agricultura e Mar (Audiência Parlamentar Nº 52-CAM-XII) solicitada pelos representantes dos grandes armadores industriais, foi defendida a necessidade de abate de embarcações artesanais, mais, o Comandante Armando Teles (Diretor da A.D.A.P.I. – Associação dos Armadores das Pescas Industriais) veio atacar diretamente a Arte-Xávega, nomeadamente afirmando que na lota da Nazaré, ao abrigo de uma autorização do Turismo, embarcações da Arte-Xávega venderam o cabaz de carapau a dois euros (o cabaz tem 22 quilos).
Pura e simplesmente não aconteceu venda de carapau a dois euros por parte de xávega nenhuma na Nazaré. A ganância deste senhor e deste sector que tem sido, ao longo dos anos, altamente subsidiado, é aqui bem patente .
Agora vamos a factos sobre a pesca de arrasto em Portugal: É sem sombra de dúvida das mais destruidoras, predadoras, desperdiçadoras e absolutamente insustentável de todas as pescas praticadas no nosso país.
A razão do baixo preço actual do carapau: Primeira razão, há muito, segunda razão, a formulação das quotas atuais obriga as embarcações a trazer elevadas quantidades de carapau para que no “mix” de peixe possam trazer mais quantidades de peixe de mais alto valor . As declarações do senhor sobre capturas de imaturos por parte de outros sectores em concorrência com a actividade dele (como a Arte-Xávega) só nos pode gerar uma profunda revolta . Não há nenhuma actividade de pesca em Portugal que venda e desperdiça tanto peixe imaturo como a pesca de arrasto!
A propósito de resolver a actual situação de fraca rentabilidade da pesca do arrasto, o alvo a abater não é a arte xavega . Não é pedir mais abates financiados pelo estado. Se for a comunidade europeia a pagar força! Querem propostas concretas terei todo gosto em propor aqui algumas que fazem sentido . Primeira de todas para começar: proprietário/operador. Patrões que não são pescadores leva a abusos de todos os tipos. Os tempos do “el dorado” já terminaram há muito tempo. Compra de quota auto financiada por percentagens das vendas dos próprios operadores como mecanismo para retirar esforço de pesca, e esta tenho a certeza que o senhor Teles não gostará, mas que eventualmente será o caminho. Há presentemente conjuntos de tecnologias para evitar as rejeições absurdamente altas deste sector há que começar a usá-las.
José Manuel Vieira, Presidente da Associação Portuguesa de Xávega
(pode ouvir esta Audiência Parlamentar clicando aqui)