Caminhante
Estava neste fim de semana no meu Alentejo…Na praça de República, sala de visitas da vila de Monforte, chegavam cerca de sessenta caminhantes espanhóis, que tinham completado um dos percursos que existem no concelho, com 14 quilómetros, quando apareceu no local um outro caminhante, extra programa, cujo percurso já dura há 12 anos, pelos caminhos da Europa do Sul…o alemão Juan, com o seu hábito de frade Franciscano, surgiu acompanhado da sua companheira de viagem, a cadela Clara, transportada num carrinho de bebé. Vinha de Arronches, onde na véspera tinha estado e onde foi referenciado pelo amigo Emilio Moitas, que publicou no blog a história de Juan…A sua companheira Clara, nome da irmã de São Francisco de Assis, ficou ferida nas patas, pelo calor excessivo do asfalto, no mês de Agosto, e teve , a partir daí, de ser transportada no carrinho… logo que esteja em condições, caminhará a seu lado como tem acontecido nestes anos. A Vida, deste alemão simpático, é caminhar, caminhar sempre, acompanhado pelo sol, pelo vento, pelo luar, ajudado por aqueles com quem se cruza…uma forma de Vida que escolheu e que o torna feliz…todos temos a liberdade de escolher a nossa felicidade, a nossa forma de estar na Vida, e ele acha que esta é a sua, e assim estar no mundo.
Como escreveu o grande escritor espanhol António Machado, nascido em 1875 em Sevilha, aqui fica um seu poema, que se enquadra bem, nesta estranha forma de Vida: «Caminante, son tus huellas/el camino, y nada más;/caminante, no hay camino,/se hace camino al andar./Al andar se hace camino,/y al volver la vista atrás/se ve la senda que nunca/se ha de volver a pisar./Caminante, no hay camino,/sino estelas en la mar.»
António José Zuzarte, Costa da Caparica, 18 de Outubro de 2016.
O caminhante é sempre uma figura mítica e mística, um filósofo.