Clara Andermatt Abre Casa da Dança
A programação da Casa da Dança de Almada inicia-se, no sábado, dia 14, com a apresentação de Parece que o Mundo, espectáculo com coreografia de Clara Andermatt e do músico e compositor João Lucas, às 21:30, no Teatro Municipal Joaquim Benite.
A mais recente criação de Clara Andermatt, mais uma vez com a colaboração do pianista e compositor João Lucas, é descrita como uma “cumplicidade alimentada pelo questionamento das relações expressivas entre o movimento e a música.” Inspirada no livro Palomar, de Italo Calvino, a obra procura ser “uma montra que nos aproxima do mundo que observa e é observado” enquanto os bailarinos e os músicos oscilam “entre três planos distintos: o da observação, o da narrativa e o da meditação.”
O trabalho de Clara Andermatt é a estreia da Casa da Dança de Almada, uma iniciativa da Câmara Municipal com a Companhia Paulo Ribeiro, instalada na Casa da Juventude – Ponto de Encontro, em Cacilhas, que apresentou a semana passada a sua programação, orientada com a intenção de “promover a dança” e alimentada pela “ambição de se tornar um projecto de escala nacional” a partir da Margem Sul, como afirmou Inês de Medeiros. Já para o coreógrafo Paulo Ribeiro, a Casa da Dança é uma “vontade” que “persegue há anos e anos”, sendo, na sua opinião, o que falta para dar dimensão à dança em Portugal, que tem sido vítima de “grandes atentados, porque nunca cresceu muito em relação aos apoios da tutela” e as companhias existentes “nunca se puderam autonomizar.”
Até ao final do ano, o programa apresentado inclui mais quatro espectáculos, em parceria com a 27.ª Quinzena da Dança de Almada. No dia 22, os portugueses Jonas & Lander apresentam, Adorabilis, enquanto os polacos Polish Dance Theatre interpretam The Harvest, a 26 de Setembro, uma peça sobre a natureza e a vida humana. No mesmo dia, mas um mês depois, no Fórum Municipal Romeu Correia, pelas 21:30, a Companhia Paulo Ribeiro apresenta Memórias de Pedra. Tempo Caído, “reflexão sobre o imaginário português, construída a partir da sua diversidade.” Destaque merece também a instalação Box 2.0, de António Cabrita e São Castro, presente no Fórum Municipal, entre 26 de Outubro a 30 de Novembro, que reproduz, em holograma, improvisações dos coreógrafos Clara Andermatt, Olga Roriz, Paulo Ribeiro e Rui Horta.
Com sede na Casa da Juventude – Ponto de Encontro, esta não será a residência definitiva deste “projecto dos criadores e dos artistas”, conforme afirmou a presidente da Câmara. Embora para a coreógrafa Filipa Francisco este seja um espaço “magnífico” que, diz, permite “o silêncio e o horizonte para ensaiar e criar”, é igualmente um espaço provisório. Na apresentação do programa de Setembro a Dezembro, Inês de Medeiros disse que estão pensadas duas localizações para construir “uma Casa da Dança de raiz, que se ‘concilie’ com uma Casa da Juventude.” Uma das possibilidades é a conjugação deste edifício com o projecto do Ginjal. Outra hipótese, “negociada com o promotor do projecto”, é “incluir um espaço junto a Almaraz”, mas a questão “mais complicada é o entendimento com as instâncias nacionais, porque uma coisa é construir, e outra é garantir a continuidade”, referiu a autarca. “Este primeiro ano – disse ainda Inês de Medeiros, que classificou a programação apresentada como “feliz” e “interessante” – “é de elaboração do projecto, mas desde o início que queríamos começar já a mostrar aquilo que pode ser.”