Contentores na Trafaria: Autarcas e População Dizem Não
A RTP apresentou uma reportagem no Telejornal, que pode ver clicando aqui, sobre a reunião que se realizou na Trafaria no passado dia 23. Publicou também o artigo de
Ligia Verissimo e Rui Cardoso que transcrevemos:
A Trafaria não quer a instalação do terminal de contentores na localidade.
Os autarcas, a população e até o padre da Trafaria, em Almada, estão contra um novo terminal de contentores na freguesia e garantem que vão lutar contra esta decisão do governo.
A população e os autarcas reuniram-se hoje na Sociedade Recreativa Musical Trafariense, na Trafaria, onde aprovaram por unanimidade uma resolução contra o terminal de contentores, que deve ocupar uma área de 200 a 300 hectares de plano de água e terra.
“Hoje aconteceu aqui algo de singular no país, com poder local, população e agentes de desenvolvimento local, todos juntos, a dizer não ao mega terminal de contentores na Trafaria. Temos um caminho e uma estratégia diferente para esta freguesia e este concelho”, disse a presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa.
Durante o encontro, várias pessoas usaram da palavra para criticar o anúncio do Governo e dar ideias de luta, numa sessão que encheu a sociedade recreativa na Trafaria, com a autarca a defender que o futuro deve passar pelos projetos da Costa da Caparica e do Arco Ribeirinho Sul, capazes de criar “dezenas de milhares de postos de trabalho”.
“Posso dizer que vamos avançar para todas a instâncias judiciais, incluindo o tribunal europeu. Vamos também lançar uma petição para enviar à Assembleia da República, para provocar a discussão sobre este assunto”, referiu, afirmando que será uma luta da freguesia e de todo o concelho.
Maria Emília de Sousa disse também que achou estranho que não estivesse nenhum responsável do Ministério do Ambiente no anúncio do Governo, efetuado na sexta-feira.
“Achei estranho que não estivesse ninguém do Ambiente, o que quer dizer bastante. O Ambiente está de fora e não pode ficar, tem que ter a primeira palavra. O Ambiente tem que se pronunciar sobre o que pensa deste projeto”, defendeu.
O padre Sérgio Quelhas também está ao lado da população na oposição ao terminal de contentores, referindo que vai ser “um desastre do ponto de vista social”.
“Do ponto de vista social é um desastre, mais valia encerrar as portas de acesso à Trafaria. Temos ainda as questões ambientais e turísticas, pois nunca se viu nenhum turista a fotografar contentores. Tanta defesa do ambiente e, para interesses económicos particulares, elas vão todas abaixo”, disse à Lusa.
O padre da Trafaria, que há cerca de um ano colocou uma faixa negra na igreja e lançou um abaixo-assinado contra o terminal de contentores, disse que não percebe “porque é que na Trafaria é que terá que ser a parte feia do rio Tejo”.
“Não vejo nenhum benefício, a não ser pelos particulares. A Trafaria e o concelho não lucraram nada com o terminal da Silopor na Trafaria e é a prova que nada de bom traz. Vou dar o meu apoio na luta, pois em primeiro lugar estão as pessoas”, referiu.
O padre Sérgio Quelhas considerou ainda que uma decisão desta dimensão sem ouvir a população é “matar a democracia”.
“Se já com o outro Governo a democracia estava a ficar moribunda, isto é matar a democracia. Não se ouve as pessoas, o espírito do 25 de Abril morreu e querem empurrá-lo para debaixo de um mega terminal de contentores”, concluiu.
O encontro dos autarcas e população terminou com a aprovação da resolução e com todos os presentes a cantarem “Grândola Vila Morena”.
As associações de moradores do Bairro 2 Torrão e da Cova do Vapor, ouvidos pela Lusa, referem que o terminal de contentores pode trazer alguns benefícios.
No caso dos moradores do Bairro 2 Torrão, que fica junto ao local onde vai nascer o terminal de contentores, acreditam que pode ser uma solução para os retirar do local onde vivem, enquanto os moradores da Cova do Vapor referem que pode trazer benefícios de desenvolvimento económico, apesar de considerarem que fica comprometido o projeto da autarquia.
Assinem a petição, que a CMA está a promover, contra a construção do terminal. Vamos lutar pela nossa terra, onde nascemos, trabalhamos, vivemos ou simplesmente vimos de férias ou fazer desporto.
Entao e os pescadores deste belo rio ? Para onde vao ser empurrados para largar as suas redes e dar sustento ás suas familias ? Entao e a natureza piscicola , ou esta gente pensa que o rio está morto ?Querem o matar isso sim . Vamos dizer chega a esta industria assassina e proteger este nosso Portugal e concelho .Chega de dar cabo da margem sul do tejo , Vamos nos unir e lutar !