D. Ana a Todo o Vapor
É na Avenida dos Milionários da Cova do Vapor, ao lado da vivenda Tudo ou Nada e em frente do Hostel Bugio à Vista, que fica o Café Ana. Com as paredes pintadas de cor-de-laranja vivo, é mais um sítio que não dispensa o letreiro do Cai-Bem.
Ana Joaquina Gonçalves, de olhos bonitos e pele queimada pelo sol, é a proprietária. Viúva há 33 anos, tem um casal de filhos e uma neta.
Nascida em Lamego, na Beira Alta, veio com nove anos trabalhar para Lisboa como criada, “foi o meu sacrifício logo desde o princípio”. Depois foi para Amadora, onde tinha uma fábrica de bolos e mais tarde acabou por fixar residência na Cova do Vapor, onde vive há 36 anos. Mora na Vivenda da Corda, mas entretanto tiraram-lhe a corda que a caracterizava.
Para ajudar nas despesas como o IMI, a Dona Ana lembrou-se de pintar uma das suas casas e agora pretende alugá-la de Julho a Setembro.
A entrevista é interrompida por clientes que vêm em busca de uma travessa de caracóis e caracoletas, e é ver a Dona Ana, levantar-se, toda despachada, e assumir o seu posto ao balcão.
No que diz respeito à recente tendência da Cova do Vapor aparecer em roteiros turísticos, Dona Ana diz não sentir qualquer diferença no negócio, porque as pessoas ou vão para os restaurantes ou para os bolos. Por esta razão, acaba por assumir o café sozinha, sem precisar de recorrer a empregados. “O ano passado não dei conta do recado porque fui parar ao hospital com uma dor ciática” conta. Teve de estar dois meses fora e na altura teve de ser a sua filha a ficar responsável pelo estabelecimento.
Quando questionada sobre o que mais gosta na Cova do Vapor, a Dona Ana diz que já não gosta de nada, que se quer ir embora, “já estou aqui há muitos, muitos anos, já é exagerado”. É só conseguir vender o estabelecimento e muda-se para a Quinta do Conde.
Até isso acontecer, continua a ser uma das figuras mais emblemáticas da Cova do Vapor.