Faleceu Henrique Souto
Recebemos a notícia ontem à noite com muita emoção através do nosso amigo diretor do CEMAR, Alfredo Pinheiro Marques. Faleceu o nosso amigo Henrique Souto. Que grande, profunda e dolorosa tristeza!
Henrique Nogueira Souto, explicava-se assim, pelas suas próprias palavras: “Nasci em Moçambique em 1958. Trabalho e vivo em Lisboa. Sou geógrafo e professor universitário, por profissão, e fotógrafo, nos tempos livres, por paixão. Deixando de lado a profissão, e o que aí fui fazendo e publicando, tenho fotografias publicadas um pouco por todo o mundo, da Rússia ao Japão, da Espanha a Inglaterra. Espero continuar a ensinar, a investigar e, naturalmente, a fotografar.”
Como geógrafo, um dos temas que abordou com profundidade e rigor e que tem sido incontornável nos estudos da especialidade foi precisamente a Arte-Xávega, as comunidades de pesca artesanal e os seus movimentos migratórios.
Como cientista e como pessoa, demonstrava uma disponibilidade e abertura assinaláveis, o que lhe valeu grande número de amigos. Foi também um amigo da Costa da Caparica e participou, entre outras iniciativas no Fórum em defesa dos nossos Palheiros para prevenir a sua destruição, assim como participou nas iniciativas de criação de um movimento de candidatura da Arte-Xávega a Património Cultural da Humanidade. Ficamos todos mais pobres.
Como se não bastasse, era também um fotógrafo não só publicado em todo o mundo, como ele próprio referiu, mas também premiado em todos o mundo. Podem ver as suas fotografias clicando aqui. O nosso amigo procurava o belo onde muitos não o conseguiam encontrar e muitas vezes nas coisas mais simples e familiares.
Sentimos dolorosamente esta perda. Uma dor agravada pela sua juventude, por tanto que podia dar, não só na sua sapiência mas também na sua amizade.
Perante esta morte, há realmente que refletir. É isto a condição humana! Perante esta perda, este desaparecimento, que importância têm as quezílias, as divisões, as inimizades que dividem aqueles que partilhavam os mesmos objetivos de Henrique Souto, nomeadamente a consagração da Artre-Xávega como Património Cultural da Humanidade? Como se transcende a evidente fragilidade e fugacidade humana?
É realmente com profundíssima tristeza que desejamos que descanse em paz. Até sempre Henrique Souto, não serás esquecido!