Guerra dos Jaquinzinhos: Posição da APX
O Notícias da Gandaia recebeu a seguinte nota de imprensa da Associação Portuguesa de Xávega, a qual publicamos:
Posição da Associação Portuguesa de Xávega relativamente a campanha do Governo
A Associação Portuguesa de Xávega, que representa os armadores e pescadores da tradicional pesca da Arte-Xavega, vem manifestar a maior das preocupações, e mesmo revolta, face às recentes notícias veiculadas nos Órgãos de Comunicação Social em que se diz que o «Governo Português se diz interessado em sensibilizar os Portugueses para não consumirem os populares “Jaquinzinhos”».
A nossa indignação é, sobretudo, sustentada no facto de após o Sr. Secretário de Estado das Pescas ter reunido com os Pescadores da Arte-Xávega e ter aceite a constituição de uma Comissão de Acompanhamento para este sector, comissão esta que seria constituída por diversas entidades envolvidas nesta actividade, com o objectivo de dialogar e procurar consensos e também (mas não só!), diga-se, com o intuito de resolver a questão dos “jaquinzinhos” (de que o Sr. Secretário de Estado do Mar confessou gostar e apreciar), capturados nos “lanços cegos” desta Arte.
Esta comissão de acompanhamento, que demorou mais de 3 meses a ser publicada, deveria ter efectuado a sua primeira reunião mais tardar até 04/01/2013, como pomposamente o anunciava no D.R. a Portaria Nº4/2013 de 07/01/13 o que não veio a acontecer por motivos óbvios…(dado que a reunião teria de ser até 4 de Janeiro e a publicação da Portaria em D.R foi a 7 de Janeiro… lamentável!).
Assim, após o conhecimento destas recentes notícias publicas na imprensa somos obrigados a concluir que o funcionamento e até mesmo a constituição desta Comissão de Acompanhamento já está viciado e condicionado, pois mesmo antes da primeira reunião agendada (agora) para 13/02/13, o Governo através da Tutela do Sector vem publica e pomposamente dizer quais são as suas «intenções» para este sector de pesca tradicional, com o intuito único de fragilizar e condicionar qualquer tipo de negociação e sugestão para encontrar uma solução de compromisso para a Arte-Xávega em Portugal.
E esta situação lamentável acontece, curiosa e exactamente uma semana antes da realização da 1ª, e já muito tardia, reunião da Comissão de Acompanhamento.
O Governo, repetidamente, escuda-se nos, pretensos, regulamentos Comunitários e na pretensa Sustentabilidade dos Stocks, sem ter quaisquer estudos credíveis. Mas nós Pescadores dizemos, reiteramos e provamos que estão errados e que se nos ouvirem poderão passar a ter uma nova visão deste tipo ancestral de Pesca e da sua importância cultural, etnografia e para a pequena economia de génese local e regional.
Ao contrário do que alguns querem fazer crer, a Arte-Xávega não pesca deliberadamente “jaquinzinhos”. Estes são capturas transversais resultado da “pesca cega” que se efectua e caracteriza este tipo de pesca das Artes. Mas a quantidade pescada e diminuta! E as redes utilizadas, bem como os demais aprestos são todos legais e cumprem todas as exigências e a legislação em vigor.
A sua aceitação e rentabilização do seu valor comercial junto da população deve ser considerada como uma mais valia e contribuir para a riqueza nacional, evitando, assim, o fomento e o aumento de economia paralela, da perda de receitas e do agravar do problema com o fim a dar a este pescado, pois a devolução ao mar não é solução, bem pelo contrario!
As nossas preocupações e anseios, são legítimos e cada vez mais defensáveis, face ao estado da Economia Nacional e ao Desemprego que afecta os Portugueses.
A Arte-Xávega tem a seu cargo, a sustentabilidade (esta sim muito legítima), e a subsistência de centenas de pescadores de NORTE a SUL de Portugal bem como das suas famílias e até mesmo de todos os agentes económicos que esta actividade faz movimentar.
É nosso desejo e intenção manifesta de que o Governo Português não olhe para os “Jaquinzinhos” como um produto nefasto, viciante e de reprovável consumo social, mas sim, e porque não, como sendo o “Vinho do Porto do Mar”, o “Pastel de Nata Marítimo” ou mesmo o “Jaquim de Barrancos”.
Pois também, esta Arte é um legado, um testemunho etnográfico e faz parte da tradição à pelo menos 300 anos e os Portugueses gostam, assim como os milhares de Turistas que divulgam e manifestam nas redes sociais o seu espanto, pelo engenho e beleza das embarcações e sobretudo pela bravura e excelência destes pescadores que pescam sazonalmente sem terem Porto de Abrigo para enfrentar o Mar “de peito aberto”… este mesmo Mar que até já foi um dos grandes desígnios Nacionais…
Veja-se o exemplo do nosso Presidente da Republica:
Cavaco diz que só é capaz de estrelar um ovo
O Presidente da República confessou esta quarta-feira ser “um péssimo cozinheiro”, mas elogiou todos os chefes portugueses que projectam os produtos nacionais sem rejeitar as tradições.
“Sou um péssimo cozinheiro, tirando o ovo estrelado e aquecer o leite, fazer as torradas. Acho que é melhor não me aproximar do fogão, porque posso fazer asneira como já uma vez aconteceu um caso lá em casa, quando meti na cabeça que era capaz de fazer fatias douradas, que gostava imenso. Não houve um incêndio mas quase”, comentou, em declarações aos jornalistas, no final de um encontro com cerca de 50 jovens cozinheiros no Palácio de Belém.
Um encontro que, conforme explicou o chefe de Estado, teve como objectivo “homenagear a gastronomia portuguesa e ajudar a projectar essa gastronomia por esse mundo fora”.
“Sou um apreciador de carapaus, de jaquinzinhos, de produtos tradicionais algarvios, coisas que hoje estão a ser novamente colocadas sobre as mesas, como as papas de milho“, acrescentou, revelando que, quando casou, ofereceu à mulher livros de cozinha para que ela lhe preparasse os “bons sabores”.