Guerra nas Marchas
A Câmara mudou as regras, especialmente as datas, para a apresentação das marchas. Apresentou as novas datas na reunião com todas as marchas na passada quinta feira, dia 19 de janeiro de 2017. Foi uma surpresa, mas não para todos.
A verdade é que algumas marchas, incluindo a da Rua 15, aqui da Costa da Caparica, já sabiam e tinham mesmo convocado os seus marchantes na véspera, para uma reunião porque, como era escrito, “Este ano as marchas começam mais cedo”.
É estranho, mas não é grave.
Qual é então a questão? A CMA quer que as marchas acabem no dia 23 de junho, quando no passado era nesse dia que começavam, ficando a outra prova para a semana anterior.
Isto até parece fazer sentido. O problema fica com as marchas de génese bairrista, com ligações a Lisboa, que precisam de tempo para a construção do seu guarda roupa, arcos, ensaios, etc. Em oposição estão as estruturas mais profissionais que encomendam tudo a empresas. Também estas estão ligadas a Lisboa, mas como estão profissionalizadas, com empresas a fabricar o seu material, tudo fica mais fácil.
Curiosamente, a argumentação é também de natureza estranha quase aparentada com a xenofobia e o chauvinismo usando a rivalidade entre Almada e Lisboa. Quase, porque é ridícula a escala.
Isto é simplesmente um disparate. O que temos nós a ganhar com esta (di)visão? Será que ainda alguém vai dizer que as Marchas Populares são originárias de Almada, e não de Lisboa? A dinâmica de marchantes, ensaiadores e outros não é benéfica para todos? Repito: o que temos nós a ganhar com isto?
Um outro argumento evidente é que existe uma economia que alimenta esta sinergia entre Almada e Lisboa no domínio das marchas populares. As encomendas são feitas a artesãos do nosso concelho e até muitas compras são realizadas nas lojas da região. Pelo menos, as das marchas que (ainda) funcionam com o espírito bairrista. E não é esse mesmo o espírito que as Marchas Populares defendem?
Na reunião teve lugar uma votação. Curiosamente, na sua maioria, não foram os ensaiadores que votaram, mas sim as direções das associações.