Hiroxima meu amor…
Em 1967, quando se comemoraram 22 anos desta tragédia humana que destruiu uma cidade japonesa, precisamente em 6 de Agosto de 1945, foi editado um livro, que reúne uma antologia de poemas, coordenado e prefaciado por Carlos Loures e Manuel Simões… Ao lê-lo senti que essa data não poderia ser esquecida e Hiroxima tinha de ser recordada , agora, passados 70 anos da sua destruição, e escrevi, também eu, um poema : Era eu bem pequenino/Preparava-me para receber/No dia seguinte/As prendas dos meus seis anos/E não sabia o que aconteceu./No fim desse Inverno /O meu Avô morreu/E senti tanta dor…/Nesse seis de Agosto/Os homens surgiram nos céus/E atiraram bombas…/Um cogumelo branco, gigante/De fogo e cinzas/Matou muitos meninos/Inocentes como eu/Tudo na véspera aconteceu/Na véspera dos meus anos/Nesse Verão de quarenta e cinco…/E passaram setenta anos/E os homens?/Sempre os mesmos homens,/Ainda não pararam de matar…/Todos querem ser donos deste mundo/Que vão destruindo/Como arrasaram Hiroxima/Quando eu era pequenino…
Tocou-me bem fundo o que aconteceu, como já me tocaram tantos acontecimentos trágicos, que os ditadores, de todos os quadrantes políticos e religiosos, têm espalhado durante centenas de anos… Que posso eu esperar agora daqueles que mandam no mundo ou querem voltar a mandar? Nada toca as suas sensibilidades, ou a falta delas, porque eles se guiam por outros padrões, os padrões do lucro fácil, do poder pelo poder, da ganância desmedida, da vontade de todos esmagar para atingirem os seus objectivos mais mesquinhos e mais sórdidos.
Falem de Paz, de Solidariedade, mas falem, acima de tudo, de Amor.
« A esperança é como uma grande bandeira que os homens levam/nos lábios nos olhos e na memória/e as suas sílabas como pombas invencíveis…/Os homens levam a esperança hasteada nos seus lábios/e um dia desfraldá-la-ão sobre todo o universo.» Carlos Loures.