Italianos em Almada
Três dias, cinco filmes, é o resumo resumido da extensão de Almada da 11ª Festa do Cinema Italiano, marcada para o Auditório Fernando Lopes Graça, entre sexta-feira, dia 6, e domingo, 8 de Abril.
A abrir esta mostra do mais recente cinema transalpino, uma biografia dramática, premiada pela secção Horizontes na última edição do Festival de Veneza, Nico, 1988 (sexta, 6, 21h30), de Susanna Nicchiarelli, retrato da última fase da vida da carismática cantora. A “mulher-símbolo dos Velvet Underground e musa de Andy Warhol”, cantora de muitos méritos e alguns vícios é retratada mais através de um olhar sobre fragmentos da sua vida do que apresentando um panorama geral. Para o êxito da película e a eficácia do retrato muito conta o olhar cansado e desiludido de Trine Dyrholm, a actriz dinamarquesa que interpreta Nico.
Um dia depois, mas logo às 16h00, é a vez da comédia Em Guerra por Amor, de Pierfrancesco Diliberto, ou Pif, o famoso comediante italiano. Neste filme, estreado o ano passado, a acção começa em Nova Iorque, em 1943, plena II Guerra Mundial, portanto, onde Arturo e Flora vivem uma complicada história de amor. O búsilis é que para dar o nó, Arturo tem de obter a aprovação do pai de Flora, que vive numa pequena aldeia da Sicília e o jovem só vê uma forma de lá chegar: alistar-se no exército americano que está prestes a desembarcar na carismática ilha italiana.
Poucas horas mais tarde, às 21h30, nova sessão, desta vez com outra comédia, esta de costumes. Pobres mas Ricos (na foto), de Fausto Brizzi, conta a história dos Tucci, família muito, mas muito modesta de uma aldeia na região de Lazio que um dia ganha a lotaria. Bilionários, decidem ir para Milão, viver num hotel cinco estrelas, desfrutar a vida nocturna e todo os luxos disponíveis. Mas o realizador, com Christian De Sica, Enrico Brignano, Lucia Ocone, Lodovica Comello e Anna Mazzamauro no elenco, não deixa o conto de fadas novo-rico prosseguir à toa, e os Tucci começam a perceber que os tempos mudaram e eles têm de acompanhar a sua própria ascensão de classe.
O último dia da Festa do Cinema Italiano em Almada, domingo, 8, é marcado, às 16h00, pela exibição de A Hora Legal, dirigido por Salvatore Ficarra e Valentino Picone. Neste filme, fartos do caos nas ruas e da corrupção por todo o lado, os habitantes de Pietrammare, uma aldeia na Sicília, elegem um novo presidente da câmara, um homem para todos íntegro e sem mácula. A ordem é restaurada, mas não traz apenas vantagens, pois, como os eleitores vão descobrir, nesta denúncia irónica das falhas e peculiaridades de uma sociedade politicamente tumultuosa como a italiana, que a legalidade é mais fácil de desejar e prever do que de respeitar.
A encerrar este ciclo está, na noite de domingo, A Gata Borralheira, de Alessandro Rak, Ivan Cappiello, Dario Sansone, Marino Guarnieri, filme onde o “universo de Cinderela, Blade Runner e Gomorra se juntam num dos mais surpreendentes filmes de animação realizados em Itália.” Diz o enredo que bordo de um navio retro-futurista no porto de Nápoles, a história imagina Cinderela como uma rapariga rebelde de 17 anos que está prestes a casar-se com um traficante de droga megalómano que quer transformar Nápoles na capital da criminalidade do mundo.