Lisbon South Bay
Foi desta forma que a imprensa noticiou a operação de apresentação do projeto Lisbon South Bay: As Câmaras estão a vender a Margem Sul.
Realmente, depois da Margem Sul ser apresentada como “um deserto”, ao testemunhar uma operação de tentativa de capitalização em torno de projetos de desenvolvimento são comentados desta forma tendenciosa.
Curiosamente, assistimos sim à venda das empresas mais lucrativas do país, sem aparecer esta reação, que seria então justificada. Assistimos à venda de monopólios, como a EDP a estados estrangeiros, que para todos os efeitos é gravíssimo, sem se ver este tipo de parangonas. Agora é que acorda o espírito crítico. E sem razão, pois trata-se de projetos bem enquadrados, sem qualquer tipo de “contaminação” da economia, ou perda de domínio decisor em setores fulcrais, como aconteceu com a elétrica, com a REN e por pouco, aconteceria com a TAP.
Transcrevo aqui a notícia do DN (que também pode ler na sua edição original clicando aqui) para que o leitor aprecie e tire as suas próprias conclusões.
Câmaras de Lisboa, Almada, Barreiro e Seixal vendem Margem Sul
Em abril, os quatro concelhos dão início a um ‘roadshow’ no Brasil. Objetivo é captar investimento imobiliário e industrial
A Margem Sul vai ser Lisbon South Bay para estrangeiro ver. Lisboa, Almada, Barreiro e Seixal juntaram-se para promoverem os seus concelhos a nível internacional e captar investimento para novos projetos imobiliários e industriais. Em abril, começa o roadshow em quatro cidades do Brasil.
Lisboa bate recordes de turistas há três anos consecutivos, permite taxas de rentabilidade bem mais elevadas do que as grandes cidades europeias e oferece incentivos atrativos, como os vistos gold . Falta-lhe uma coisa: área disponível para instalar grandes projetos industriais. Na Margem Sul não falta espaço, o que falta é visibilidade. Os responsáveis de um lado e outro do Tejo juntaram dois mais dois e decidiram promover as duas regiões em conjunto, como uma marca. A Lisbon South Bay foi criada no ano passado pela Baía do Tejo, empresa do universo Parpública que gere os parques empresariais da Margem Sul, e começa agora a ser apresentada no estrangeiro, com a ajuda da Invest Lisboa (empresa criada em parceria entre a Câmara de Lisboa e a Câmara de Comércio e Indústria) e com os municípios de Almada, Barreiro e Seixal. A primeira paragem foi na feira internacional de imobiliário MIPIM, em Cannes, neste mês.
A campanha começa a ser feita depois de um trabalho de consolidação ao longo dos últimos três anos. “Passámos de um saldo negativo de cerca de 40 empresas, entre as que saíram e as que entraram nos parques empresariais, para um saldo positivo de cerca de 50 empresas no final de 2015. Há uma clara inversão estrutural, com tendência para se consolidar nos próximos tempos”, começa por apontar Jacinto Pereira, presidente da Baía do Tejo. Mas aquilo que foi conseguido, “mesmo em contraciclo”, é só uma parte do que é necessário. “Para promovermos territórios a nível internacional, temos de ter escala, porque estamos a concorrer com grandes cidades europeias”, diz. Em Lisboa, o problema é outro. “Já tivemos dificuldades quando indústrias queriam instalar-se cá. Não há espaço para isso”, refere Rui Coelho, presidente da Invest Lisboa.
Imobiliário, lazer e indústria
Ao todo, há quase 900 hectares disponíveis para investimento. Em Almada, na zona onde ficava a Lisnave, está planeada a construção da Cidade da Água, um megaprojeto imobiliário com 63 hectares e um investimento previsto de 1,2 mil milhões de euros. O projeto prevê a construção de habitação e serviços, uma marina, um terminal multitransportes, hotéis, escritórios e áreas culturais e de lazer.
O parque do Barreiro, com 290 hectares, onde ficava a Quimigal (do grupo CUF), estará vocacionado para logística e serviços. O do Seixal, na zona da Siderurgia Nacional, tem 536 hectares disponíveis para receber indústria pesada.
Mais emprego qualificado
Não há ainda uma meta para o investimento a captar, até porque os contactos ainda agora começaram a ser feitos e tudo dependerá da dimensão dos projetos que vierem para cá. O objetivo, explica fonte oficial do município do Barreiro, passa por “requalificar aquelas áreas, urbana e ambientalmente, gerar postos de trabalho, criar riqueza, reestruturar e regenerar o centro da cidade e o concelho”. No fundo, “gerar a dinâmica económica local e regional” necessária para “recentrar o papel do Barreiro como polo de desenvolvimento e emprego qualificado”. Ao mesmo tempo, a parceria com Almada e Seixal vai servir para conseguir “complementaridade económica com os concelhos vizinhos”.
Para já, há consultas “constantes” aos espaços disponíveis. “A mensagem que importa passar é que há capacidade para acolher qualquer tipo de projeto, seja de que dimensão for”, sublinha Jacinto Pereira. Os contactos, acrescenta, vêm de vários pontos do globo. “Temos tido manifestações de interesse de Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Oriente. Temos até instalações de apoio a uma embaixada.”
Próxima paragem: Brasil
A próxima fase da promoção arranca em abril, com um roadshow por quatro cidades brasileiras: Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. “Serão apresentações abrangentes, para mostrar todas as valências da região de Lisboa. Vamos divulgar as vantagens que a região oferece para a instalação de empresas, nomeadamente de logística, indústria e de serviços, e para acolher startups, talentos”, explica Rui Coelho.
A Expo Real, feira internacional de imobiliário que vai decorrer em Munique, em outubro, poderá ser a paragem seguinte.