Mais Apoios ao Túnel
O presidente da União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha, Cruz Quebrada e Dafundo, Rui Teixeira, esteve reunido com os promotores da petição pública «por uma nova travessia do Tejo», que pretende ligar Algés à Trafaria, em túnel imerso. Todos estão de acordo: a solução do problema de tráfego na 25 de Abril passa pela construção do túnel.
Rui Teixeira, à semelhança do que defende Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, considera que esta infraestrutura é «vital para o desenvolvimento económico e tecnológico da Área Metropolitana de Lisboa», com um impacto direto na vida empresarial da União de Freguesias.
Segundo o autarca, que defende a partilha de experiências tecnológicas entre Oeiras e Almada, «hoje a zona norte do Tejo continua a concentrar as grandes empresas de serviço» e, devido a isso, é necessário que exista um «ordenamento mais harmonioso e que os municípios da margem sul possam também beneficiar desse conhecimento e desenvolvimento». Mas, para Rui Teixeira, o mais importante «é que este túnel, com um maior afluxo de pessoas a Algés, possa contribuir para o crescimento do comércio local».
Já o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, em declarações proferidas há cerca de um mês, considerava que a construção desta travessia, a ligar as localidades de Algés (Oeiras) à da Trafaria (Almada), «é de extrema importância para toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML), quer a nível da mobilidade, quer da melhor distribuição do tecido empresarial na região», anunciando que esta intenção já foi abordada com as autarquias de Lisboa e de Almada (distrito de Setúbal), «existindo uma posição consensual».
Há 30 anos em discussão…
«Esta ideia já não é nova. Tem, pelo menos, 30 anos. Na verdade, a CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa) só ficará completa quando ligar a Almada. Para já, temos só meia CRIL», afiança o presidente da União de Freguesias de Algés, lembrando que o presidente da Câmara de Oeiras, também, já se tinha pronunciado sobre esta situação, e que, na altura, Isaltino Morais considerou que, em relação às acessibilidades, esta travessia seria «fundamental para descongestionar» outras vias estruturantes na AML, como a Ponte 25 de Abril, a Ponte Vasco da Gama, a CRIL, a CREL (Cintura Regional Exterior de Lisboa) e a Autoestrada 5 (A5).
Nesta fase, segundo o presidente da União de Freguesias, «uma nova travessia no Tejo, em túnel imerso, entre Algés e a Trafaria, é sinónimo de desenvolvimento e de aproximação entre pessoas, sendo a solução que se impõe para se criarem condições para a conquista de mais investimento reprodutivo e desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, garantir bem-estar para as suas populações e para aqueles que nos visitam».
Aliás, Rui Teixeira recorda que, «só as Uniões de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha, Cruz Quebrada e Dafundo e a da Charneca de Caparica e Sobreda tem perto de 100 mil residentes, o que pode facilitar a abertura de novos nichos de mercado, tanto em Algés como na Charneca.»
Nova travessia já entrou na agenda política
A mesma posição é partilhada pelos membros da Associação Promotora da Mobilidade Entre as Duas Margens do Tejo, recentemente criada, que estiveram reunidos com Rui Teixeira porque, «nesta fase, aquilo que queremos é colocar na agenda politica esta necessidade e levar a discussão ao Governo», salientando que já existiram contactos informais com o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, visto existirem vários estudos que provam a vantagem desta travessia, cujo investimento pode rondar os 700 milhões de euros, totalmente financiado pela União Europeia.
Miguel Lourenço, autarca da União de Freguesias da Charneca de Caparica e Sobreda e, também, presidente da Associação, justifica «a necessidade urgente» de uma nova alternativa à travessia rodoviária da Ponte 25 de Abril», com os números conhecidos: diariamente, atravessam a Ponte 25 de Abril cerca de 160 mil viaturas. 80% desse tráfego é gerado em três concelhos: Almada, Seixal e Sesimbra. Os destinos são Lisboa e Oeiras.
Por seu turno, o empresário Sérgio Mendes, secretário de direção da Associação, argumenta que a Ponte Vasco da Gama fica a cerca de 50 quilómetros destes concelhos e desemboca na zona oriental de Lisboa, não constituindo, por isso, uma alternativa aceitável para a mobilidade destas populações, nas suas deslocações pendulares dentro da área metropolitana de Lisboa.
Por isso, como refere o advogado Pedro Dias Pereira, também da direção da Associação, «as alternativas efetivamente disponíveis, neste momento, são a travessia ferroviária e a travessia fluvial», lembrando que a travessia ferroviária da Ponte 25 de Abril (assegurada pela Fertagus), transporta anualmente 19 milhões de passageiros, retirando, de facto, muitos veículos do tabuleiro da ponte. Contudo, a opção ferroviária encontra-se saturada, não sendo previsível que se consiga aumentar significativamente a oferta existente. O mesmo problema apresenta a opção fluvial, que sofre igualmente de saturação e que continua a ser muito deficitária na sua operação.
Assim, e tendo em conta as manifestas carências que ainda persistem na rede de transportes públicos na área metropolitana de Lisboa, o meio rodoviário continua a ser a única opção viável para muitos cidadãos e empresas, salienta o empresário Paulo Santos, também fundador da Associação, recordando que, os estudos de tráfego realizados apontam para a existência, entre as duas margens, de uma procura de e para os concelhos de Oeiras, Sintra e Cascais, na ordem dos 40% e, para os concelhos a norte da segunda circular, na ordem dos 20%. Por isso, para quem se desloca entre a margem sul e outros concelhos da margem norte, a opção rodoviária é a única alternativa viável.
A única alternativa…
Perante estes factos, os fundadores desta Associação, asseguram que, de todos os estudos desenvolvidos para encontrar alternativas de mobilidade entre as duas margens do Tejo, a construção de um túnel imerso, ligando a A33 à CRIL, no corredor Algés – Trafaria é a solução que reúne um apoio generalizado por parte das populações diretamente afetadas pelos problemas de congestionamento da Ponte 25 de Abril, e também a que reúne maior consenso entre os especialistas.
Um pré-estudo da Associação aponta para a opção de construção de uma solução de túnel rodoferroviário, em que o transporte individual coexiste com o transporte público, através da instalação de uma terceira célula que suportaria um metro ligeiro, fazendo a ligação entre o Metro Sul do Tejo, na Universidade do Monte da Caparica e a linha de Cascais. Os custos estimados para este projeto seriam na ordem dos 700/800 milhões de euros, que poderiam ser totalmente cobertos com financiamentos comunitários por ser um «projeto verde».
De acordo com o mesmo estudo, a execução desta infraestrutura, permitiria retirar à Ponte 25 de Abril um tráfego de cerca 60 mil veículos/dia.
Na petição pública por uma nova travessia do Tejo, que conta já com mais de 4000 assinaturas, recorda que esta infraestrutura pode ser inscrita como uma obra prioritária no âmbito do Plano Nacional de Investimentos 2030 e integrando-a no programa europeu Portugal 2030.