Meira Contra Medeiros?

Primeiro disse que não estava nos seus planos, mas estes parecem ter mudado, pois na segunda-feira, dia 15, em declarações à agência Lusa, a actual presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, a cumprir o terceiro e último mandato no município, admitiu candidatar-se à presidência da Câmara de Almada nas eleições autárquicas de 2021.

“Almada é um desafio”, disse a autarca, acrescentando que embora ainda não esteja “na hora de tomar essa decisão em definitivo, tenho sentido muita solicitação, muita pressão, de muitos almadenses, tendo em conta que moro em Almada e que estou a cumprir o meu último mandato em Setúbal.” O “trabalho autárquico – prosseguiu – é um trabalho que me seduz muito, que me alicia muito. Ver transformar, no dia-a-dia, o espaço público, o espaço de cultura, de desporto, aquilo que dá prazer às outras pessoas, para mim é muito empolgante, muito motivante, muito aliciante”, acrescentou a eventual candidata comunista.

Legalmente impedida de se recandidatar ao cargo, dado que, de acordo com a legislação em vigor, não pode ir além de três mandatos consecutivos, nada impede Maria das Dores Meira de ser cabeça-de-lista em qualquer outro município. No entanto, apesar das suas declarações à Lusa, fonte da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, contactada pela agência noticiosa, disse que ainda não há uma decisão definitiva sobre o cabeça-de-lista em Almada para 2021 e escusou-se a confirmar ou a desmentir a candidatura de Dores Meira contra a actual presidente socialista, Inês de Medeiros. Porém, apesar do silêncio oficial, outras fontes do PCP e da CDU contactadas pela Lusa disseram que a candidatura da actual autarca setubalense é “uma forte possibilidade” ou dão praticamente como certo que a escolha do PCP para cabeça-de-lista nas próximas eleições autárquicas em Almada irá recair em Maria das Dores Meira.

Recorde-se que a autarquia de Almada, depois de dirigida pela CDU desde 1976, passou, em 2017, para as mãos do Partido Socialista, que venceu as eleições autárquicas sem maioria absoluta. Então, para assegurar a governação municipal, o PS, que elegeu quatro vereadores, estabeleceu um acordo com o PSD (que elegeu dois vereadores), optando os comunistas (que elegeram quatro vereadores) por passarem para a oposição, onde são acompanhados pela vereadora eleita pelo Bloco de Esquerda.