Os Palheiros da Costa da Caparica
Ainda há quem não compreenda a importância dos Palheiros que ainda existem a sul da Costa da Caparica. Que existem e resistem a um assassinato – mais um – do nosso património e, pasme-se, de parte da riqueza da nossa turística.
Ainda há quem pretenda continuar a destruir o Palheiros, seja de forma ativa, deitando-os abaixo ou queimando (ver artigo no Notícias, clicando aqui), seja de forma passiva, não permitindo as obras de manutenção e preservação.
As casas de madeira a que nos referimos e cujas fotos de alguns exemplares podem aqui ser vistas, não são barracas, como se tem dito, são construções de arquitetura vernácula e classificados como Palheiros na literatura científica da especialidade.
Dizer que sempre se chamou barracas, é apenas triste. Barracas é outra coisa e sem valor. Dizer que os proprietários é outra coisa também, pois apesar de não pertencerem a pescadores, foram construídos à sua imagem e constituem adaptações do seu modelo, o qual, já de si, sempre foi fortemente adaptativo.
Toda a fundamentação destas posições está disponível no website que tive a honra de desenvolver para apoiar o Fórum em Defesa da Cultura Popular – evitando a demolição desses mesmos Palheiros – a 17 de dezembro de 2010 – e que trouxe à Costa da Caparica cientistas, autarcas e ativistas prestigiados em todo o país. pode consultar a extensa documentação e muitas das comunicações nesse website clicando aqui.
Largamente noticiado nos média, este Fórum e uma petição que recolheu mais de 500 assinaturas acabaram por determinar que a Câmara Municipal de Almada parasse as intenções demolidoras da CostaPolis e encomendasse dois estudos, um à FCT e outro à Associação Arquitetos Sem Fronteiras.
A verdade é que ficou arrumada a questão da importância cultural dos Palheiros. Sim, são importantes, sim, são Palheiros tal como os definiu a geógrafa professora Raquel Soeiro de Brito e os Arquitetos Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pereira,
Porém, a subida do nível do mar é uma ameaça, para os Palheiros e paratodos nós. A proibição das obras de manutenção é uma provocação, uma ilegitimidade legal, se me for permitido o oxímoro. Uma daquelas coisas que fazem o cidadão pôr em causa o regime devido à sua iniquidade.
O Transpraia, os Palheiros e o nosso território são trunfos, tesouros, pérolas turísticas que não se compreende como não são acarinhados e valorizados pelas autoridades competentes a começar pela Sociedade CostaPolis.
A quem pertencem estes ditos palheiros? Gostava de saber.
Aos seus proprietários respetivos. Cada um tem seu dono…
Com autorização de quem? É que eu também gostava de construir um idêntico.
As entidades responsáveis pelas autorizações variam conforme a época em que foram requeridas. Segundo julgamos saber, não são emitidas novas autorizações há muitos anos. Chamo, porém, a sua atenção sobre o aspeto que a nós maus interessa: o valor cultural, turístico, paisagístico (recordar que é Zona de Paisagem Protegida) e identitário para a nossa região.