Segurança entrou de férias?

Um dos restaurantes do Barbas – António Ramos – foi assaltado. Mesmo em frente ao quartel da GNR. O famoso Barbas comentou ao Correio da Manhã: “”O tipo de construções faz com que os ladrões tenham facilidade em entrar. Mas se mudarmos alguma coisa somos logo multados”, criticou ‘Barbas’, lembrando que há alguns meses tentou colocar um corrimão numas escadas de acesso à praia, mas foi sempre impedido. “Apenas depois de umas quedas graves é que a fiscalização o permitiu”, explicou ao CM. “Chegou a cair uma turista que partiu a perna e ficou em coma com a queda”.

Também foi assaltado o caixa do parque de estacionamento da Praia de S. João. Ameaçado com arma branca.

Até a casa do Coordenador deste Notícias da Gandaia foi assaltada enquanto dormia.

Não temos dados que nos permitam dizer com rigor se há mais assaltos do que anteriormente, mas já há vários anos que nos deparamos com esta situação, por um lado o incremento da criminalidade durante o verão e por outro, o exemplo de outras localidades turísticas, não só noutros países como mesmo em Portugal, onde se verifica um reforço visível dos meios das forças de segurança.

Há muito tempo que os caparicanos contestam que a época alta exige outro planeamento de segurança. Passámos do exagero da polícia de choque em patrulhas de vários elementos para quase nada. A falta de agentes na rua é evidente e não parecem ter grande resultado as patrulhas (simbólicas?) a cavalo, que, de resto são fugazes.

Por outro lado, a organização do trânsito e estacionamento estão num caos agravado devido ao que parece ser uma afluência maior de visitantes este ano. Mais visitantes mas por menos tempo. Não se vê nenhum elemento da autoridade nas entradas congestionadas, nem um policiamento frequente das ruas do centro da cidade. Vê-se, isso sim, carros mal estacionados que chegam a obstruir o trânsito, assim como vendedores ambulantes sem rei nem roque.

Se nós, cidadãos pacíficos, identificamos esta situação, os profissionais do crime diagnosticam de imediato a facilidade e impunidade com que poderão atuar: “é canja!”.

Regressa, com veemência, a questão de fundo: é esta a nossa oferta turística? O turismo é também exportação. A nossa desorganização, a nossa ineficácia em criar realmente uma zona turística e de lazer, sobretudo com os recursos naturais de que dispomos, é inaceitável.

A Costa da Caparica é um exemplo das razões pelas quais é difícil convencer os estrangeiros a emprestarem-nos dinheiro. Demonstramos que não sabemos tirar proveito daquilo que temos. Demonstramos que não conseguimos pôr as nossas instituições a colaborar ordenadamente para o bem comum, demonstramos que não conseguimos gerar consensos nos nossos agentes económicos, nem na nossa população.

Se tivéssemos um poço de petróleo haveríamos de encontrar uma maneira de complicar tudo de forma a não o conseguir explorar.

O prémio Nobel da economia, o matemático John Forbes Nash, defendia que os interesses individuais seriam melhor defendidos se tivessem em conta os interesses do grupo. Cada um beneficia mais, se todos beneficiarem. Este é o matemático do filme “Uma Mente Brilhante”.

Notícias da Gandaia

Jornal da Associação Gandaia

2 thoughts on “Segurança entrou de férias?

  • 27 de Julho, 2012 at 17:31
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    Gostei muito desta reflexão turistica sobre uma área (Costa da Caparica) com uma invejável capacidade de exploração turistica e, infelizmente, completamente em estado de decadência.

    Gosto muito da Costa da Caparica, mas não me orgulho desta dita “cidade” aonde temos dificuldade em motivar os nossos clientes a visitarem o que de mais belo tem para oferecer: nossas praias, que não oferecem uma limpeza e segurança adequada e uma oferta de actividades diferenciadas para jovens, grupos e familias, que se diferenciem pela qualidade e novidade ano após ano.
    Força,
    Tânia Pacheco

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  • 26 de Julho, 2012 at 20:54
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    Concordo plenamente. Excelente artigo; pertinente, objectivo e construtivo.
    “é esta a nossa oferta turística?”, esta pergunta inteligente percorre as vias auditivas dos responsáveis à um par de décadas. Nunca a inteligência exigida à resposta foi proporcional.
    Brilhante analogia no último parágrafo.
    Esta é apenas a minha opinião.

    Abraço,
    Renato Romão

    Reply

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