Sinais preocupantes em Sines
Artigo de Luis Godinho no Alentejo em Linha (ler original clicando aqui):
O Governo tem de assumir claramente que a aposta no Porto de Sines é para manter.
Primeiro ficámos a saber que o plano de investimentos da REFER não contempla a ligação ferroviária entre Sines e a fronteira com Espanha (via Évora) pelo menos até 2020, situação classificada por Carlos Vasconcelos, presidente de uma das maiores empresas do ramo a operar em Portugal, como um “crime que se está a fazer em relação a Sines”.
A seguir o Governo anunciou que pretende construir um terminal para contentores na Trafaria, investindo 600 milhões de euros numa intenção, clara, de condicionar o crescimento do Porto de Sines e a sua afirmação como um dos maiores portos europeus.
Depois, em vésperas de uma audição parlamentar sobre o assunto, o secretário de Estado dos Transportes informou a presidente do conselho de administração do Porto de Sines que a iria substituir no cargo, independentemente de Lídia Sequeira ser uma das melhores gestoras públicas do país e do contínuo crescimento do Porto de Sines, apesar da crise.
Finalmente, mas não menos importante, surge a nomeação para o conselho de administração do Porto de Sines de um gestor … vindo da concelhia de Silves do PSD.
A leitura de todos estes sinais indicia, pelo menos, alguma ligeireza na forma como o Governo olha para o Porto de Sines, pilar estratégico para o desenvolvimento do Alentejo e para o crescimento económico do país.
Como escreve Nicolau Santos no Expresso, “desperdiçar o o enorme potencial do Porto de Sines, desbaratando dinheiro em projetos concorrenciais sem sentido, é um crime de lesa-Pátria”.
Em 2012, Sines foi o porto europeu com a maior taxa de crescimento: 11%. Em tonelagem movimentada (24,6 milhões) tornou-se no 24º maior porto europeu e os resultados dos primeiros meses deste ano indicam uma expansão ainda mais acelerada: 2013 deverá fechar com 34 milhões (quase três vezes mais que o Porto de Lisboa).
Dito isto, o Ministério da Economia tem de explicar com clareza as razões do afastamento de Lídia Sequeira. E tem a obrigação de ser claro em assumir as opções estratégicas para Sines.
Do mesmo modo que o Alentejo (a começar pela CCDRA e pelos deputados dos diferentes partidos) tem de ser claro ao rejeitar qualquer tentativa de esvaziamento do porto alentejano ou de mudança de rumo em relação à rota traçada: a afirmação de Sines como um dos mais importantes terminais de carga da Europa, ligado à Rede Transeuropeia de Transportes através de um eixo ferroviário por Évora e Caia.
Sines tem vindo a conquistar terreno em relação aos portos espanhóis, tem vindo a ser o destino preferencial para empresas de todo o mundo descarregarem mercadorias. Sines continua a ter grande capacidade de crescimento em todas as áreas. Esse é o caminho que tem de ser assumido sem quaisquer hesitações.