Surf em Perigo
Passados os temporais a questão da quantidade de areia nas praias da Costa da Caparica volta a actualidade, agora porque, diz a Associação de Surf da Costa de Caparica (A.S.C.C.), falta areia para assegurar a prática e a aprendizagem de surf na zona norte.
Miguel Gomes, presidente daquela associação, disse à agência Lusa que “a Costa da Caparica é conhecida como um dos paraísos de aprendizagem do surf devido às condições que as praias apresentam, mas se a reposição de areia não for feita vai ser muito difícil que continue a ser um local de referência”, acentuando que por não haver areia suficiente há cada vez menos surfistas na zona, pois ao “não haver areia, as ondas ficam com ‘backwash’ [isto é: flúem na direcção oposta ao normal] e isso impede que se surf”.
O presidente da A.S.C.C. fez questão de referir a “preocupação constante” da Junta de Freguesia de Costa de Caparica e da Câmara Municipal de Almada em relação à prática de surf, mas referiu que os fundos para inverter a situação dependem do Governo. “Aqui quem manda é o Governo. O Governo é que tem o dinheiro para realizar uma intervenção mais séria e esperamos que essa intervenção seja urgente”, disse.
Também o presidente da Junta de Freguesia, José Ricardo Martins, igualmente ouvido na mesma reportagem, lembrou que serão necessários, “até 2050, cinco milhões de metros cúbicos de areia”, um investimento de mais de 25 milhões de euros. Assim, para o autarca, essa verba terá “obrigatoriamente” de constar no Orçamento do Estado. “Desde 2015 que não temos enchimento de areia. Este ano, com o aproximar da época balnear, já não é possível, mas é preciso que o Ministério das Finanças e o Ministério do Ambiente inscrevam no Orçamento do Estado para 2019 no mínimo cinco milhões de euros de verba, o custo de um milhão de metros cúbicos de areia, para a Costa de Caparica”, defendeu José Ricardo Martins, acrescentando que “o preenchimento cíclico de areia até 2050 terá um custo de 20 cêntimos por cada português, uma coisa irrisória”.