Teatro na Rua
O teatro na rua tem um lugar importante nesta edição do Festival de Almada, que se realiza entre 4 e 18 de Julho. Entre as suas quase quatro dezenas de espectáculos, mais outra dezena de concertos e ainda exposições e colóquios e cursos, o festival criado por Joaquim Benite inclui, este ano, pela primeira vez, dois grandes espectáculos de rua, modalidade que, se nunca foi alheia ao festival ao longo das suas anteriores 35 edições, desta vez ganha escala na grandiosidade que a Praça S. João Baptista permite no centro de Almada.
Logo na sexta-feira, 5 de Julho, a partir das 22:00, à borla, tem lugar A Partida, obra com coreografia e encenação da também artística plástica catalã Vero Cendoya, inspirada no filme de Paolo Zucca (L’Arbitro) e em textos do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano. Peça para cinco bailarinas, cinco jogadores de futebol e um árbitro “assenta num diálogo estético e crítico entre a dança contemporânea e a indústria do futebol, que produz os actuais grandes espectáculos de massas por excelência: os jogos de futebol, arenas de todas as glórias”. Espectáculo considerado pela crítica como “belo e cómico” ao ponto de receber os prémios da crítica do Festival FiraTàrrega e da Associação de Críticos de Teatro da Catalunha.
Uma semana depois, dia 12, mas à meia-noite, é a vez da companhia valenciana Xarxa Teatre, apresentar Fahrenheit Ara Pacis, de Vicent Martí Xar, numa produção com direcção artística de Leandre Escamilla e Manuel Vilanova. Desta vez, vagamente inspirados nas práticas arquitectónicas romanas e em Fahrenheit 451, o romance sobre uma sociedade distópica de Ray Bradbury, Escamilla e Vilanova, com recurso a pirotecnia e efeitos de luz de grande espectacularidade, apresentam a “festa como alternativa à violência” fazendo do “uso festivo da pólvora uma alternativa à sua utilização militar”.