Terras da Costa é o primeiro Agroparque de Almada e arranca em setembro
Segundo o artigo publicado por Sónia Sul em Smart-Cities.pt, “Almada vai avançar para a execução do Agroparque das Terras da Costa, o primeiro parque do género na cidade e que representa um investimento de 2,75 milhões de euros. Além de contribuir para uma maior resiliência alimentar da região, vai também ajudar a travar a luta pela equidade social e pela circularidade.
Estendendo-se por 140 hectares, incluindo terrenos municipais e privados e uma arriba fóssil protegida, o novo agroparque metropolitano vai ser um “espaço para novas oportunidades e novos projectos”, conta o director do departamento de Inovação, Ambiente, Clima e Sustentabilidade da câmara municipal (CM) de Almada, Duarte d’Araújo Mata, à Smart Cities.
Além de dar espaço para que a cidade de Almada plante um futuro onde a produção alimentar local, os produtos mais frescos e as redes de distribuição curtas fazem parte do cenário, o agroparque irá abrir portas para “resolver um problema social”, estimulando a ligação à comunidade, bem como a economia, o turismo e a sustentabilidade ao nível local. “Tinha-se identificado uma comunidade desfavorecida e um potencial de regeneração e requalificação que passava pela dignificação das actividades que essas comunidades produziam no terreno”, esclarece o responsável.
LIGAÇÃO À COMUNIDADE E AO LOCAL
Reunindo vários actores almadenses, além da autarquia, a iniciativa vai cruzar-se com outro projecto de realojamento de comunidades desfavorecidas das Terras da Costa, procurando reter e potenciar a “forte relação histórica [dessas comunidades] com os terrenos”. Nesse sentido, serão dinamizadas “acções de ligação”, entre as quais acções de formação profissional, de reciclagem profissional e para a produção com certificação, tornando o agroparque numa “alavanca a novas oportunidades de emprego local qualificado”, refere o director departamental.
Com o objectivo de requalificar pessoas, empresas e território, o projecto ambiciona também criar a marca “Terras da Costa e do Mar”, aproveitando as ligações ao turismo local da Costa da Caparica, ao mar e à arte xávega dos pescadores. Este será outro contributo que permitirá à cidade trabalhar ainda mais a nível de mercado, criando oportunidades para novos negócios e mercados e melhorando as margens dos produtores.
Mas a aposta na ligação à comunidade não se esgota aqui. Mesmo a nível da distribuição, prevê-se um “fornecimento directo – primeiro de tudo com as escolas locais, mas também com restaurantes, hotéis e consumidores individuais, para além do próprio mercado, que pode começar a receber produtos colhidos e rapidamente transportados”. Para contribuir também para uma “agricultura mais limpa e com menores cadeias”, este transporte de alimentos será assegurado, dentro da plataforma alargada da Costa da Caparica, por cargobikes eléctricas.
Já no próprio local do agroparque, também haverá elementos de proximidade à comunidade, desde um percurso de atravessamento como “outra forma de lazer, diferente da do jardim ou da do parque urbano convencional”, até um edifício off-grid que será parcialmente co-construído, a partir de “soluções participativas”. A propósito deste edifício, Duarte d’Araújo Mata realça que, além de ser padronizado e autoconstruído, integrará um conjunto de soluções sustentáveis, tais como o recurso a energias renováveis, ao fecho de ciclo de água dentro do edifício, a casas de banho secas para contribuir para a fertilidade do solo, a soluções de compostagem, à reutilização de materiais locais no próprio edifício (por exemplo, resíduos florestais da zona em mobiliário e partes da envolvente edificada), etc.
Em paralelo, será criado também um centro de valorização das actividades do agroparque num novo centro de interpretação, onde serão concebidas plataformas físicas e digitais de “aproximação dos consumidores aos produtores locais, aos produtos que cada um produz, e [onde] vão ser dinamizadas actividades para melhorar a qualidade de vida”. Apesar das soluções tecnológicas previstas, entre as quais as para tracking de produtos, o responsável assegura que o “objectivo [do projecto] é ser inteligente na solução, mas não obrigatoriamente através de tecnologias de informação como suporte”.
PROJECTO EM REDE
O Agroparque das Terras da Costa reúne vários “actores estratégicos”, dos quais o representante autárquico destaca a CM, a junta de freguesia, os produtores e as associações locais (associação de pescadores locais, uma associação paroquial, a associação EDA – Ensaios e Diálogos), a Associação Industrial Portuguesa e o Instituto de Conservação de Natureza. Mas, além do contributo destes agentes, o projecto está “a trabalhar na criação de uma associação de produtores”, na qual se deposita a esperança de que se venha a tornar, no futuro, autónoma na gestão do agroparque.
“É uma forma inovadora de governança”, diz, referindo que a Associação de Produtores da Terra da Costa irá permitir “o empoderamento das comunidades locais” e o “alavancar de outras soluções que apareçam”, sejam tecnológicas, sejam relacionadas com um edifício do agroparque.
Enquadrado na rede FoodLink [para a transição alimentar na Área Metropolitana de Lisboa], o projecto está agora a terminar a fase de incubação. Em Setembro, passará para a fase seguinte, de execução, que se irá prolongar até ao final de 2025. Mas Duarte d’Araújo Mata realça que o objectivo é dar continuidade a este investimento, que ascende aos 2,75 milhões de euros.
artigo original em – https://smart-cities.pt/noticias/almada-primeiro-agroparque-terras-da-costa-2907/?fbclid=IwAR0iQeKH22VUJ2PAJLkPHZUDsEXs7QJK3xaUJgjxCyXGtYcKvDLYOShT5No_aem_AWmk9I4_Py-krJO0e5vAVF5fXIuLubHMWMFh9Ev4iGDioWkaEnjp1-Ibl3wHb0tCRJlNkcVhgHgd6SyFxGD2Evsc