TST: Cada Vez Menos
Como se costuma dizer, não há bela sem senão. E, assim, na sequência do aumento de passageiros após a baixa de preço dos passes, depois da Fertagus trocar lugares sentados por mais espaço em pé para os utentes, a Transportes Sul do Tejo (TST) junta, desde 6 de Janeiro, mais uma acha à fogueira da má qualidade dos transportes em Almada e no resto do distrito de Setúbal suprimindo quatro carreiras e alterando horários em mais 28.
A TST eliminou quatro carreiras, duas delas com ligação a Lisboa, anunciou a empresa em comunicado publicado no seu sítio na internet, que também dá conta, sem justificar a decisão, da mudança nos horários de 28 outras linhas, sendo que, em quase todas, a frequência baixa, em alguns casos drasticamente.
Duas das carreiras extintas asseguram a ligação da Margem Sul à capital, a 168, que liga a Praça de Espanha à Torre da Marinha, e a 260, que une a Praça de Espanha a Sesimbra. No caso da 168, as alternativas apresentadas pela empresa não asseguram todo o percurso, nomeadamente não vão para a capital e os passageiros são direccionados para os barcos ou para os comboios. Já na 260, que liga Lisboa a Sesimbra, a TST tem uma alternativa, que faz o mesmo caminho mas por um trajecto distinto, a 207, carreira agora com menos viagens à hora de ponta. A outra alternativa é Cacilhas-Sesimbra, a 203, que até terá um aumento de frequência, mas que não assegura todo o percurso eliminado. Outra carreira que acaba é a 101A, que fazia a ligação directa entre Cacilhas e Cristo Rei, sendo a alternativa a 101, que faz a mesma ligação mas com mais paragens. Por fim, a ligação rápida entre Cacilhas e Setúbal, até aqui feita pela 583, passa a ser assegura pela 783, que segue pela EN10. Por outras palavras: as alternativas não asseguram a viagem completa agora terminada sem transbordo ou com a mesma duração.
Mas o prejuízo dos utentes não fica por aqui, pois há mais 28 carreiras cujos horários são mexidos, na sua grande maioria com diminuições de frequências (quase todas aos dias úteis, sendo que algumas deixam de circular ao fim-de-semana) e uma delas com o seu percurso encurtado. Uma das reduções mais drásticas é a 160. No horário em vigor até domingo passado, a carreira saía às 6:00 aos dias úteis de Almada em direcção ao Areeiro, em Lisboa, e, até às 7:00, partiam mais quatro autocarros. A partir de dia 6 apenas haverá um autocarro às 6:00 e outro às 6:40, sendo que, aos fins-de-semana, deixa de haver duas viagens por hora e passa a realizar-se apenas uma. Mais uma vez, como em relação às supressões, no comunicado publicado no seu sítio na internet a transportadora não dá explicações para a decisão de mudar horários.
No entanto, as declarações de Pires Fonseca, gestor da Arriva, proprietária da TST, ao Jornal Económico, em Dezembro, esclarecem que o problema é dinheiro. Disse, em tom que pode ser interpretado como chantagem: “Claro que o Estado não me está pagar mais por ter mais passageiros, mas estou convencido de que essa foi uma aposta para 2019 que vai ser corrigida em 2020. Até porque se a empresa não for viável economicamente, vamos à falência, o Estado não tem quem faça o serviço, e a mobilidade, como está a ser desenhada pelo governo, deixa de existir.”
Mais informação sobre as carreiras suprimidas e as alterações de horários e percursos podem ser encontradas aqui: https://www.tsuldotejo.pt/index.php?page=noticias&sub=22&codNoticia=1078