Dúvidas…
– Padre Onofre, é verdade que Cristo, sendo Deus, se deixou matar na cruz, digamos, voluntariamente?
– É verdade meu filho! Cristo, num gesto pleno de amor, sacrificou-se, enquanto homem, pela salvação de toda a Humanidade.
– Mas padre, de que forma pode um sacrifício alheio beneficiar os outros? E porque é que os seres humanos, que se imaginam os detentores do senhorio de Deus e da Sua exclusividade, não consideram a existência de outras formas de vida no Universo que, em princípio, também deveriam ser filhas de Deus?
– Hum! São interessantes essas tuas dúvidas. Contudo, posso dizer-te que o sacrifício pessoal de Cristo tem sido a nossa luz, a nossa orientação. O seu desprendimento tem aquecido os corações de muitas gerações de homens em diferentes civilizações aqui na Terra, e que têm procurado viver, desde então, em paz e harmonia. Quanto à soberania de Deus sobre outros mundos hipotéticos, nunca tinha pensado nisso antes, mas acho que deve ser a mesma que exerce aqui.
– Padre, desculpe-me a insistência, mas continuo com as mesmas dúvidas e gostava de esclarecê-las. Se a morte voluntária é considerada um suicídio, como pode a morte voluntária de Cristo ser enaltecida e louvada pela Igreja, sabendo-se que o suicídio é condenado, com veemência, pela própria Igreja? E, já agora, se existirem seres noutros planetas, não terão eles próprios definido um deus que não tem nada a ver com este?
– Essas perguntas que me fazes são bastante embaraçosas, meu filho. Na realidade, não tenho conhecimentos suficientes nem respostas para elas. Nunca tinha encarado a Paixão de Cristo por essa óptica, e nem sequer tinha pensado que o Deus do planeta Terra possa ser igualmente o deus de outros mundos.
Prometo-te que vou informar-me sobre o assunto e depois dir-te-ei qual o ponto de vista da Igreja.
Agora vai, vai com Deus e não penses mais nesses assuntos!
Reinaldo Ribeiro
23/08/2004