PS com PSD Continua
Segundo um artigo no jornal Público da autoria de Francisco Alves Rito, a coligação entre o PS e o PSD irá continuar a governar a Câmara Municipal de Almada no executivo liderado por Inês de Medeiros que nas recentes eleições autárquicas viu reforçada a sua posição.
Aqui transcrevemos o artigo que citamos, que pode consultar no original clicando aqui.
A autarca Inês de Medeiros, reeleita para mais quatro anos em Almada, vai governar como no último mandato, em acordo com o vereador social-democrata, eleito pela coligação Aliança Democrática, (PSD/CDS-PP/Aliança/MPT/PPM), apurou o PÚBLICO.
O acordo entre as duas forças políticas foi fechado na tarde desta quinta-feira e significa que os pelouros no executivo municipal vão ser repartidos entre os cinco eleitos do PS e o social-democrata Nuno Matias.
Os demais vereadores eleitos, quatro da CDU e um do Bloco de Esquerda, ficam apenas na oposição, sem competências atribuídas. Com este entendimento, Inês de Medeiros garante uma maioria de seis vereadores no executivo municipal composto por 11 eleitos.
Os socialistas promoveram reuniões com todos os partidos com vereadores eleitos para o município mas CDU e BE rejeitaram fazer acordo.
No caso da CDU, cuja cabeça-de-lista foi a ex-autarca de Setúbal, Maria das Dores Meira, as negociações nem chegaram à fase de a maioria propor pelouros a atribuir aos comunistas. “O PS não propôs pelouros à CDU”, disse ao PÚBLICO João Geraldes, deputado municipal do PCP, que não quis fazer declarações em nome da coligação. “A título pessoal posso dizer que a CDU tem um princípio geral: nunca se fecha ao diálogo. Entende que quem vence é que deve procurar acordos e propor questões concretas. Foi este princípio geral que a CDU afirmou na reunião com o PS”, explicou.
O BE confirmou, já esta quinta-feira, que ficou fora do entendimento com o PS. Em comunicado, o partido, que elegeu Joana Mortágua, explica que informou os socialistas, logo no dia 8, que só aceitaria um acordo com base num “programa mínimo” e não houvesse a “participação de partidos de direita”.
De acordo com os bloquistas, a resposta da maioria socialista às propostas do BE “torna evidente que o PS não está disponível para construir um programa comum que ultrapasse os limites do seu próprio programa ou do rumo que já havia traçado para as várias áreas de intervenção”. A este motivo, o BE acrescenta o entendimento entre o PS e o PSD, como outra das razões para não aceitar pelouros.
“Este é um ponto que lamentamos. O PS conhece o compromisso eleitoral do Bloco de Esquerda de não formar maiorias com partidos de direita, e esta foi uma condição colocada à partida na mesa negocial. Ao considerar que ‘um acordo com uma das forças políticas não é impeditivo de acordos com outras’, o PS afasta qualquer possibilidade de entendimento à esquerda para manter uma porta aberta ao bloco central em Almada”, acrescenta o referido comunicado.
O BE, conclui, por isso, que “nos termos actuais, não há condições para subscrever um acordo de maioria” para todo o mandato, mas mantém, no entanto, “toda a abertura para negociar orçamentos e todas as propostas que individualmente consideradas possam beneficiar a população de Almada”.
Por parte do PS, o presidente da concelhia de Almada, sublinha que o partido deixou “bem claro” que não quer excluir ninguém e que não está a dar preferência ao PSD.
“Não é questão de escolher uns em detrimentos dos outros. Com o PSD, nos últimos quatro anos, tivemos um entendimento, mas a lei permite que todos os partidos tenham pelouros. A opção de não aceitar é do BE. Nós mantemos a porta aberta e até propusemos [a Joana Mortágua] o pelouro da Habitação”, explica Ivan Gonçalves.
Quanto à CDU, o líder socialista local afirma que a questão “não ficou já fechada” uma vez que a coligação comunista “transmitiu que o acordo não precisa ser fechado no início do mandado, que pode haver entendimentos depois”.
O bloco central é uma continuação do que já aconteceu em Almada há quatro anos, em que o PS, nessa altura com apenas quatro eleitos, se aliou aos dois vereadores do PSD, Nuno Matias e Miguel Salvado, para ter maioria. O entendimento durou todo o mandato.
Contactado pelo PÚBLICO, o vereador da AD, Nuno Matias, não quis confirmar o acordo e informou que só fará comentários depois de o PS anunciar o resultado das negociações.
A reunião de câmara em que a presidente Inês de Medeiros deve propor a distribuição de competências pelos vereadores está prevista para a próxima semana.