Notícias da Gandaia: 1º Aniversário

RicardoSalomaoApesar de termos iniciado a publicação do Notícias da Gandaia a 11 de novembro de 2011, foi apenas em meados de janeiro que iniciámos o ciclo mais ou menos regular de publicação. Só a partir de fevereiro de 2012 iniciámos a distribuição semanal do Boletim por mensagem eletrónica, também de forma mais ou menos regular.

Como é próprio deste tipo de iniciativa e deste tipo de organização (associativa, voluntária e sem fins lucrativos), é com o decorrer das suas atividades que se angariam mais colaboradores, mais projetos, mais conteúdos, mais vozes e opiniões.

Pareceu-me que só faria sentido assumir a minha opinião pessoal quando fosse uma entre várias, evitando desta forma um papel determinador, quando o que se pretendia era o de coordenador e catalisador.

Passado este ano, podemos já ver um leque bastante diversificado de espaços de opinião, diferentes autores, diferentes assuntos, diferentes pontos de vista. Basta clicar no menu horizontal  em OPINIÃO, imediatamente abaixo do cabeçalho do Notícias.

Chegado então o momento de abrir o meu espaço de opinião própria, considero que o meu primeiríssimo dever é o de explicitar de forma ainda mais clara o que é o Notícias da Gandaia e qual o seu projeto. De resto, começar logo por clarificar que há mesmo um projeto, o qual pode ser consultado aqui e está disponível no menú horizontal, abaixo do cabeçaljo em “Sobre Nós”.

Como é claramente assumido, esse projeto passa em primeiro lugar pela revitalização e sustentabilidade do Auditório Costa da Caparica e da sua gestão no âmbito mais vasto da cultura da nossa comunidade, e, mais além, da dinamização cultural como parte da economia local, especialmente na sua vocação turística.

O Notícias da Gandaia assumiu-se assim, desde a sua origem, como apoio do Auditório Costa da Caparica e também como agente cultural da nossa comunidade. Mais, como polo catalisador e “consolidador” da comunidade. Mais ainda, como meio que permitia o “apoderamento” da comunidade perante os problemas que defrointa.

Ao mesmo tempo, recusou claramente o estatuto de jornal, de órgão de comunicação social, de resto, figuras claras na legislação portuguesa. Apesar de ser formado em jornalismo e ter três décadas de colaboração variada em diversos jornais e revistas, não sou jornalista. Trata-se uma profissão que admiro e respeito, um órgão vital de qualquer sociedade democrática. Sei muito bem como seria um jornal, mas não é esse o caminho do Notícias, não temos a capacidade técnica para cumprir esse papel e não reivindicamos esse espaço.

Recusou também, desde o seu primeiro momento . tal como a Gandaia – inscrever-se na luta político-partidária. Os seus objetivos e as suas ações jogam-se noutro plano, acima dos ciclos de gestão pública de 4 anos.

O Notícias da Gandaia pretende ser um órgão de comunicação comunitária. Pretendemos abrir um caminho novo, sem medo do pioneirismo. Essa, de resto, é uma marca identitária da Gandaia: assumirmos a responsabilidade de condicionar o futuro através das nossas ações. Assumimos que somos nós, que vivemos aqui e agora, que temos a responsabilidade de criar as melhores condições possíveis para os nossos filhos e as gerações futuras de forma sustentável, digna e gratificante. Se não formos nós, quem será?

Um órgão de comunicação comunitária tem uma matriz muito diferente do jornalismo. Antes de mais numa matriz de participação aberta, de “apoderamento” dos elementos da comunidade, ao contrário de um jornal, que emite e difunde uma opinião consagrada, seja por motivos políticos, técnicos ou outros.

Outra diferença igualmente fundamental é o objetivo central de discussão de ideias, de debate de temas, e não o de difusão de novidades, preferencialmente em primeira mão.

Finalmente, outra distinção essencial é o objetivo de consolidação comunitária e não de um público. Por outras palavras, contribuir para a substância do que é comum a todos, contribuir para a consciência desse bem comum, que se constrói todos os dias, consolidando os laços, o tecido, que forma uma comunidade.

Sabemos que este é o nosso projeto e que para o desenvolvermos temos de ter atenção a determinados pressupostos, nomeadamente os da transparência e abertura, a recusa de qualquer forma de discriminação, a observação rigorosa dos princípios democráticos e, naturalmente, um objetivo último do desenvolvimento sustentável.

O conceito de órgão de comunicação comunitária que estamos a desenvolver não é um exclusivo nosso, ou, pelo menos, não partimos do zero absoluto. Trata-se de uma via que está a ser desenvolvida de várias formas em todo o mundo e felizmente vamos tendo oportunidade de aprender com as experiências alheias. Por exemplo, os inúmeros projetos de Rádios Comunitárias, nomeadamente patrocinadas pela UNESCO, que se podem encontrar por todo o globo.

O nosso projeto é original, na medida em que encontramos soluções para a nossa realidade, com os meios de que dispomos. A natureza iterativa (não é interativa) implica exatamente essa contínua adaptação, esse diálogo com a realidade e a aceitação que esse diálogo, esse processo, nos transforma. Recordem a nossa frase: “O mar muda-nos todos os dias” e nosso nome: Gandaia, recolher e adaptar aquilo que a maré traz à praia….

Na prossecução do seu projeto, o Notícias agrega o material informativo publicado nos órgãos de comunicação social e que diz respeito à nossa região, ao mesmo tempo que, na medida das nossas possibilidades, vai divulgando pessoas, locais, gastronomia, acontecimentos que marcam a nossa história ou a nossa comunidade e tudo o que constitui, no fundo, a nossa identidade. Consolida a substância da nossa comunidade, do que nos é comum.

Tem também conseguido um número de colaboradores regulares e esperamos que o seu número cresça ainda substancialmente. Porém, como é natural no trabalho voluntário, sem a rigorosa observação de prazos, pois nem sempre há tempo livre.

Por tudo o que acabámos de dizer, a participação é vivamente encorajada. É mesmo a alma do nosso projeto. Sem ela, nada é possível pois não temos funcionários nem orçamento.

Muitas vezes temos sido abordados por caparicanos que não poupam elogios aos eventos e às iniciativas, mas depois acrescentam: “vocês deviam fazer mais cartazes e panfletos, deviam dar mais projeção às coisas”… Lá vamos explicando que tudo precisa ser pago – e não há dinheiro, que os cartazes e panfletos precisam ser colados e distribuídos – e não há quem o faça.

Precisamos de ajuda. Além de dizer o que nós devemos fazer, venha fazer connosco.

E aqui estamos. Já provamos que as fronteiras do possível estão mais além do que muitos julgavam. Que tudo depende mais da vontade, do empenho e da seriedade do projeto.

Agora, já só falta você.

 

Reunião Aberta da Gandaia para organização de equipas de projeto na próxima quinta feira, dia 24, no Auditório Costa da Caparica, no 1º andar do Centro Comercial O Pescador, na Praça da Liberdade 17 A, mesmo em frente ao mercado.

Notícias da Gandaia

Jornal da Associação Gandaia

2 thoughts on “Notícias da Gandaia: 1º Aniversário

  • 17 de Janeiro, 2013 at 14:44
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    Excelente, Ricardo! Muito, muito bom!

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    • 20 de Janeiro, 2013 at 22:48
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      Reconhecido Mérito!
      Muita força.

      Reply

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