Os Costa Caparicanos

Impossibilidades, conflitualidades e desentendimentos… são estes os resultados que nos apontam quando tentamos navegar por mares nunca antes navegados, recebemos avisos e prognósticos tenebrosos sobre muito do que nos propusemos fazer.

Esta malta da Costa…

Estivemos com os pescadores no seu meio e com um tema difícil, correu excelentemente.

E agora com a política?

As impossibilidades e os prognósticos chegaram mesmo a afastar muitos do debate e a outros a solicitar lugares próximos da porta. No fim correu excelentemente sem nunca nos sentirmos ameaçados, ou na eminencia de perder o controlo.

Quando era miúdo, e das poucas vezes que fui ao mar com o meu tio, deviam ouvir os gritos e o esbracejar dele quando eu pequeno e franzino era superado pelo vento na remada necessária para manter a chata alinhada no largar e recolher da rede.

Ainda assim, ensinava-me os seus truques e segredos com orgulho, falava-me das grandes pescarias e fazia-me sonhar. No fundo sabia que ele tinha a melhor das intenções.

No nosso debate houve agitações e alterações, mas quem estivesse atento teria constatado algo muito mais importante: a vontade de uma população de ser ouvida e de ouvir, a sua ansiedade em  perguntar porquê, numa premente necessidade de acreditar.

Foi isso que esteve patente e era isso que devia ser evidenciado.

Pelas agitações e algumas alterações existentes que não conseguimos minimizar tanto como gostaríamos, sinto que devemos um pedido desculpa à esmagadora maioria que com elevado respeito e numa nobre demonstração de verdadeira democracia se manteve serena e cooperante.

Quanto aos objectivos que a nós próprios colocámos, foram amplamente ultrapassados.

  1. Informar: Auditório cheio, centenas de visionamentos também no Facebook da transmissão do debate em direto que fizemos. E ainda falta o youtube.
  2. Dar voz à população: Estamos certos que este debate e as reivindicações enumeradas nas perguntas do debate ecoarão por muito tempo e em todos nos mais altos cargos políticos do nosso concelho. A Costa da Caparica fez ouvir e fê-lo bem alto.

Estamos todos de parabéns,

Permitam-me apenas uma constatação muito pessoal do mais importante que retirei do debate.

  1. Se a Costa de Caparica tivesse visto o seu Polis realizado (o maior do País) como foram outros, hoje seria uma cidade muito diferente, e com muitos dos seus problemas e carências resolvidas.
  2. A CMA tem uma tremenda dívida de investimento futuro na Costa da Caparica, pois na espectativa de concretizar um Polis ambicioso e muito abrangente, muito pouco foi feito pelos Costa Caparicanos.

Quanto à  malta da Costa….

Os meu agradecimentos ao Alexandre pelo som e o seu “cabedal”,  a Mafaldinha por ter descoberto como se programava o cronómetro, ao Eduardo Soutinho pela paciência e horas sem fim de testes no Facebook e Youtube, ao Carlos pela reparação das cadeiras, ao meu filho pela pesquisa e instalação do cronómetro a usar, á minha filha pelas águas,  e muito especialmente á Elsa que sem nunca levantar a voz moderou o debate durante quase 4 horas, e por fim ao Jorge do Lobo do Mar que nos abriu a porta o que garantiu o jantar da Elsa que fez tudo aquilo sem ter tido tempo de jantar!

Quanto às chatices, deixo-vos com o texto dedicado ao meu Avô …

O meu Avô, sem qualquer formação escolar, todas as manhãs tirava o seu boné ao Sol, em sinal de agradecimento. Pescador, tinha por ele o maior respeito.
Nessa altura olhava-se para o céu, identificavam-se os sinais e fazia-se a previsão do tempo que determinaria a faina nesse dia.
Muito admirava o meu Avô.
Ainda hoje apesar de todas as competências que adquiri e dos avançados meios de previsão meteorológica ao meu dispor, se ele fosse vivo seria a ele que recorreria para me fazer ao mar.
Era homem respeitado, honrado e também muito sábio. Na sua simplicidade levou uma vida de trabalho e de estudo, estudo do tempo, dos temporais, dos mares e das marés, dos ventos, das redes e dos barcos, do peixe, das areias. Ele sabia ….
Muitos olham e nada vêm, olham e discutem, especulam e tiram conclusões e falam alto e altivamente, falam sem respeito e com despeito.
Nem todos são como o meu Avô…
Há dias que me pergunto se vale a pena…
Depois, lembro-me do respeito e da admiração que muitos tinham pelo meu Avô, e continuo.

Joaquim Tomás

Presidente da Associação Gandaia

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