A Bela Costa
Miguel Esteves Cardoso escreveu uma excelente crónica sobre a Costa da Caparica que saíu no Público de dia 2 de outubro (clique aqui para ler no original). Pela qualidade da crónica e, especialmente, pela importãncia que tem para nós, caparicanos, aqui a reproduzinos, com os nossos agradecimentos:
“No dia em que fizemos anos de casados almoçámos nas Azenhas do Mar: lavagantes, seguidos de ovos estrelados, pimentos Padrón e presunto espanhol.
Seguimos para a Costa da Caparica, a 45 minutos de distância. Lá estava calor, pouca gente e um mar feito para entrar dentro dele e beijá-lo.
Há trinta anos que eu não ia à Costa. Da última vez fiquei lá sentado com um amigo, a beber caipirinhas e a engordar, fazendo pouco dos que se davam ao trabalho de tomar banho.
Este ano vinguei-me, na mesma praia. Tomei o melhor banho da minha vida. A Caparica é uma praia a sério. Não se vê nem o princípio nem o fim. Por isso se diz que se está “na costa”. Porque aquilo não é apenas uma reentrância ou um armário; um cotovelo de areia e de rochas: a Caparica é a costa portuguesa. É o litoral. É o paraíso.
A praia é só uma e a vista, da areia e do mar, é magnífica. A vila da Caparica é horrível, com prédios horríveis, mas a política de concentrar os horrores perto do centro foi inteligentíssima.
Na Praia Morena, por exemplo, a paisagem é quase inteiramente isenta de intervenções humanas. A Praia Morena não é uma praia: é uma paragem, tal como todas as outras praias.
A Caparica é uma só praia, maravilhosa e limpa: tomara o Rio de Janeiro ter uma única praia como tem Lisboa.
Malta de Cascais e de Sintra: ganhem juízo. Lisboa e Almada é que têm, como sempre, razão. As nossas praias são intervalos. A praia da Caparica é a única praia inteira.
Sim, sim, sim!”