Prever o Mar
“O projeto ‘Hidralerta’ tem dois casos de estudo, a Costa da Caparica, em Almada, e a Praia da Vitória, na ilha Terceira, destinando-se a preparar informação, diariamente, que possa ajudar as entidades com competência na gestão costeira e portuária para tomarem decisões relativamente a intempéries, a minimizar e a prevenir riscos”, declarou o investigador.
Para além do LNEC, estiveram envolvidos neste projeto investigadores das universidades dos Açores e Nova de Lisboa, que conta com o apoio do Programa de Cooperação Transnacional Madeira-Açores-Canárias, suportado por fundos comunitários, bem como da Fundação de Ciência e Tecnologia.
Tiago Garcia exemplificou que, há algumas semanas, quando teve lugar o aviso relativo ao furacão ‘Alex’, nos Açores, a situação “já tinha sido prevista com quase uma semana de antecedência”, tendo sido notificadas as entidades locais sobre quando se daria a sua passagem, qual seria o seu ponto alto e eventuais consequências, entre outros parâmetros.
O projeto ‘Hidralerta’ tem, paralelamente, uma avaliação de risco que pode ser utilizada para o ordenamento do território e a elaboração de planos diretores municipais, de acordo com o investigador do LNEC.
“Esta é uma ferramenta que permite alertar todas as entidades que têm responsabilidades na zona costeira dos Açores, designadamente a Proteção Civil, câmaras municipais e Governo Regional, entre outras, até três dias de antecedência, ou mais, para situações que podem provocar grandes estragos, perdas de vidas humanas, afetar as atividades económicas ou quem vive, passeia e utiliza as zonas costeiras da região, declarou Tiago Garcia.
O sistema funciona com vários modelos numéricos e ferramentas neuronais que permitem, de forma automática e com a mínima intervenção humana, prever situações com grande potencial de destruição.
No caso dos Açores, explicou, começa-se por receber dados de toda a agitação marítima e ventos em todo o Atlântico Norte, depois processados por um determinado modelo numérico que vai prever a agitação marítima ao largo da ilha Terceira, havendo um outro modelo que pega no resultado anterior e estima qual será a dimensão marítima em frente à Praia da Vitória.
Posteriormente, existe uma outra ferramenta que vai gerir os resultados da anterior e que aponta onde vão ter lugar galgamentos, seja nos molhes do porto da Praia da Vitória, na marginal ou em qualquer outra zona da baía.
“O que o sistema faz é utilizar vários modelos numéricos que já foram muito utilizados no passado, bastante conhecidos no meio, mas que funcionavam separadamente, de forma automática”, declarou Tiago Garcia.
O projeto ‘Hidralerta’ levou quatro anos a ser desenvolvido e vai ser apresentado de 11 a 18 de fevereiro, na ilha Terceira.