Afinal Houve ou Não Diálogo Entre os Eleitos?
“Não foi um bom começo, esta Assembleia”, são as palavras do novo Presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, José Ricardo Martins, para logo de seguida afirmar “Eu falei com todos os partidos políticos!”
Referia-se o Sr. Presidente da Junta ás palavras do eleito pelo PSD, Jorge Pedroso de Almeida, que no seu discurso fez questão de manifestar “desencanto pela forma como decorreu o processo de escolha dos membros da Junta e da Mesa da Assembleia de Freguesia. […] Teria sido de bom tom que pudesse haver um diálogo, uma conversa mais ou menos formal para que todos ficassemos sintonizados porque temos aqui uma força política única a gerir quer a Mesa quer o executivo”.
Recorde-se ainda que esta polémica foi desencadeada pelo Diretor do jornal digital Caparica News, que veio acusar o Notícias da Gandaia de não ter feito o contraditório na sua reportagem da Cerimónia, chamando-nos a atenção para a entrevista que o seu Jornal publicou no dia seguinte, não no site do Jornal, que já não está a funcionar, mas sim no Facebook.
Há portanto aqui mais do que uma questão. Diria que há pelo menos três. A primeira, e mais importante, se houve ou não diálogo, uma vez que o Sr. Presidente da Junta afirma que sim na entrevista ao Caparica News (que pode ver, como dissemos no Facebook daquele jornal, ou ainda, no Youtube, (clique aqui para ver). Uma segunda questão que é a do contraditório e, finalmente, uma terceira que é uma questão técnica.
Comecemos pelo fim, a questão técnica: Uma reportagem ou uma notícia, restringe-se à fatualidade do que foi observado num determinado momento, dando conta imparcial da informação existente naquela altura. O Notícias da Gandaia publicou de forma sintética aquilo que havia ocorrido na Cerimónia de Instalação. Como é evidente, não podia ter em conta aquilo que apenas foi publicado no dia seguinte noutro orgão de informação. Mais, mesmo que tivesse em conta a referida entrevista, ela não bastava para se afirmar que estava satisfeito o contraditório. Então e as restantes forças políticas?
É esta a segunda questão, o contraditório não foi feito pelo Caparica News nem (até agora) pelo Notícias da Gandaia. Ambos por questões técnicas, ou seja, num trata-se de uma entrevista ao Sr. Presidente em que o jornalista recolhe a opinião expressa. Noutro, relatou-se o que aconteceu. Se há alguém a quem se pode perguntar porque razão apenas recolheu a opinião de uma parte, é ao Caparica News: ou seja, porque não entrevistou também as outras forças igualmente eleitas? Já em relação à reportagem/notícia, ela relatou sinteticamente o que aconteceu e o que todas as forças políticas disseram.
Resta agora a primeira e mais importante questão: houve ou não houve contactos?
Ora o Notícias da Gandaia, que é verdadeiramente independente apesar de não se considerar um jornal – porque respeita a deontologia – (e que não estaria a fazer este trabalho não fora a provocação feita pelo camarada Luís Melo, diretor do Caparica News, que se assume jornalista e diretor de um jornal), foi falar com as restantes forças políticas de forma a apurar se houve ou não conversações.
O PSD mantém aquilo que o seu cabeça de lista afirmou na Assembleia: “o Sr. Presidente da Junta, José Ricardo Martins, nunca nos contactou”, afirmaram, para acrescentar ainda: “recebemos realmente um telefonema, mas do Dr. José Manuel Anes para discutir a possibilidade de termos um lugar simbólico na Assembleia”.
A CDU declarou-nos de forma peremptória: “Ninguém nos contactou!”.
Pelo contrário, a Lista Independente afirma com clareza: “o agora Presidente da Junta contactou sim senhor!”
Assim, pelos testemunhos que pudemos obter, nem todas as forças partidárias terão sido contactadas – ao contrário do que o novo Presidente da Junta afirmou. Porém, tem ele toda a razão quando afirma que isto não começou bem.
Digo eu agora, que assino em nome próprio e até tenho a minha carinha laroca lá em cima por causa das dúvidas, que não, realmente não começou bem.
Para já, fizeram-me perder muito do meu precioso tempo com estas coisas pequenas e mesquinhas que povoam a nossa política e que precisamente afastam dela os cidadãos que mais e melhor teriam para oferecer à comunidade.
É precisamente por este tipo de cena completa: a discussão meio estéril, que sim, que não, que sim e que não, acrescentando ainda por cima a provocaçãozinha do tal tipo que quer sempre apresentar serviço, mas como é mais papista que o papa acaba por fazer explodir forças que de outra forma seguiriam calmamente para o fundo dos mares do esquecimento.
Espera-se assim que o novo executivo ultrapasse rapidamente a fase tribal e assanhada própria das campanhas e comece a dialogar com todas as forças partidárias (e não só) para avançar com os interesses da cidade. Com tantos problemas que temos pela frente, todos não somos demais.
Já agora, que o amigo Luís Melo se preocupe mais com o seu trabalho, nomeadamente que aplique primeiro no seu jornal aquilo que critica nos outros, Se é que ainda há um jornal e não apenas uma página de Facebook.