Joaquim Judas, presidente da Câmara de Almada, com Catarina Freitas, diretora do Departamento de Energia, Clima, Ambiente e Mobilidade da autarquia

Ainda Paris

Joaquim Judas, presidente da Câmara de Almada, com Catarina Freitas, diretora do Departamento de Energia, Clima, Ambiente e Mobilidade da autarquia
Joaquim Judas, presidente da Câmara de Almada, com Catarina Freitas, diretora do Departamento de Energia, Clima, Ambiente e Mobilidade da autarquia

Os dois presidentes de câmara vizinhos, Almada e Lisboa, encaram problemas concretos muito diferentes nos seus municípios, mas ambos demonstram grandes preocupações com as mudanças climáticas. “Cerca de 90% das cidades do planeta estão à beira-mar e estarão entra as primeiras zonas a sentir os efeitos da subida do nível das águas do mar devido ao aquecimento global”, explica Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa.

Para Joaquim Judas, presidente da Câmara de Almada, este problema é já uma realidade. “Esta Conferência do Clima é muito importante para a Costa da Caparica e todo o litoral de Almada, já temos as experiências das tempestades de 2013 que provocaram danos cujas reparações nos custaram cinco milhões de euros”, explica o autarca da margem sul.

Almada é o município português mais empenhado de forma concreta nos programas e painéis da Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas (COP21) e na “Cimeira das Cidades” (que decorre esta sexta-feira em Paris, com a participação de mais de mil presidentes de Câmaras de todo o mundo).

No litoral, Almada tem o mar, que já galga frequentemente as dunas e barragens e destrói tudo nas proximidades. O concelho vizinho de Lisboa espera apoios para alguns projetos de fundo, considerados inovadores e exemplares pelos especialistas da COP21 e de outras instituições internacionais.

Um deles é o da reconstrução das dunas das praias de São João, na Costa da Caparica, cujo plano foi apresentado e está exposto atualmente em Paris. Outro é o “Multiadpat”, apresentado na COP21, em Le Bourget, a norte da capital francesa, e aos autarcas do mundo inteiro, na cimeira dos “eleitos locais”, na Câmara da capital francesa.

“Este último, o ‘Multiadapt’, tem sido muito elogiado internacionalmente, é considerado um modelo do género, tem a ver com a integração da adaptação às mudanças climáticas, a regulação das cheias e a promoção de hortas urbanas e agricultura saudáveis”, explica Joaquim Judas ao Expresso.

“Esperamos agora pelos apoios essenciais para que os nossos projetos em andamento se concretizem e avancem. O concelho de Almada é uma zona vulnerável às alterações climáticas, e é preciso que também em Portugal, ao nível governamental, haja consciência disso, que haja responsabilização, decisões políticas concretas consequentes e não apenas discursos”, acrescenta o autarca de Almada.

LISBOA AVANÇA COM DRENAGEM E REDES DE TRANSPORTES E ENERGÉTICAS

Quanto a Fernando Medina, defende um acordo global “vinculativo” na COP21 de Paris e avança que “as alterações climáticas e o aquecimentos não são assunto do futuro, mas sim do presente”.

Medina sublinha que 70´% da emissão de gases com efeito de estufa são produzidos nas cidades e que é por isso urgente tomar medidas, designadamente em Lisboa, cidade que segundo ele está “muito atrasada” em relação a outras nos domínios das redes energéticas, de transportes urbanos e da construção de edifícios. Bem como, sublinha, no caso concreto da drenagem das águas, que provocam regularmente inundações na capital portuguesa.

Fernando Medina realça que a Câmara tem um projeto de drenagem de águas no valor de 150 milhões de euros, que vai ser aprovado a breve prazo, para proteger Lisboa dos fenómenos extremos das cheias que “as alterações climáticas agudizam”. “As tubagens existentes apenas se destinavam a enfrentar inundações mais esporádicas e menos extremas”, explica.

No que respeita aos transportes urbanos, o líder camarário lisboeta diz que tem de ser alterada a atual lógica da mobilidade urbana “geradora de elevada poluição”. “Desenvolver decididamente a rede de transportes em comum, apostar no elétrico, no híbrido, no ciclável, no pedonal e em menos transporte automóvel individual, tem de ser esse o caminho”, diz Fernando Medina.

“Em Lisboa – e também no Porto – estamos muito atrasados no domínio dos transportes e isso tem influência no clima e mesmo nos índices do défice do país”, reforça o autarca.

Por último, Medina sublinha a necessidade de Lisboa avançar para a “eficiência energética, onde estamos igualmente muito atrasados”. “Gastamos demaisada energia, temos de apostar em materiais e em novas técnicas de construção, nos painéis solares, dado que neste último domínio do Sol temos grande potencial, temos de apostar também na substituição da iluminação da cidade e dos semáforos por novas técnicas menos dispendiosas e mais limpas”, acrescenta.

A conferência “Cidades pelo Clima” foi aberta na manhã desta sexta-feira pelo Presidente François Hollande, anfitrião da COP21, que decorre nos arredores de Paris até ao próximo dia 11.

Hermano Sanches Ruivo, vereador na Câmara de Paris, onde é responsável pelos Assuntos Europeus, sublinha o que disse Hollande sobre a importância do papel das cidades na luta contra o aquecimento global: “Não há de facto solução sobre as mudanças climáticas sem a participação das cidades e dos cidadãos”.

Além de Lisboa e de Almada, na “Cimeira das Cidades” participam ainda os municípios de Vila Real, Águeda, Reguengos de Monsaraz, Alfandega da Fé e Oeiras.

(Ver artigo original no Expresso, clicando aqui)

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Jornal da Associação Gandaia

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