Encontro Associativo
Realizou-se no passado sábado, dia 16 de março, na Sociedade Filarmónica União Artística Piedense, o Encontro do Movimento Associativo Almadense, organizado pela ACCA, Associação das Colectividades do Concelho de Almada, promove um Encontro no próximo dia 16 de Março, pelas 15h00 no salão.
A Associação Gandaia participou no evento, tendo o seu Presidente usado da palavra para partilhar a experiência da Associação Gandaia que, apesar de breve, tem sido intensa.
Eis o conteúdo da intervenção de Ricardo Salomão:
“Venho aqui partilhar convosco aquilo que nós, na Associação Gandaia, aprendemos. Por favor, não interpretem as minhas palavras como estando a ensinar-vos alguma coisa ou a dizer-vos o que devem fazer.
Somos uma associação muito jovem, com 7 anos feitos esta semana, não podemos ensinar nada a ninguém. Podemos é aprender.
No entanto, temos o dever de partilhar aquilo que aprendemos, partilhar a nossa experiência e partilhar aquilo em que acreditamos.
Nós acreditamos que o movimento associativo tem o direito de pedir apoio público. O direito e o dever. Somos uma emanação orgânica da cidadania. Emergimos da comunidade.
A nossa formação responde a uma necessidade sentida pelos cidadãos.
Costuma dizer-se que o poder autárquico é fundamental por ser a expressão do estado mais próxima dos cidadãos. Ora o associativismo são os próprios cidadãos que se unem para ver concretizados os seus anseios.
No entanto, não nos podemos esquecer que temos também as nossas responsabilidades, quer perante o estado, e nomeadamente as autarquias, quer perante os cidadãos, incluindo os nossos sócios.
Antes de mais, o nosso dever é de cumprir rigorosamente o quadro legal. Da constituição da associação, à rotina anual de aprovação de Planos e Relatórios, de eleições regulares, de pagamento de impostos, da Segurança Social e de justificar, também escrupulosamente, o que fazemos com o dinheiro dos impostos dos cidadãos que nos é confiado para prosseguirmos as nossas atividades… São deveres que têm de ser escrupulosa e rigorosamente cumpridos para termos legitimidade para interpelar o poder autárquico ou nacional.
Mas a legitimidade, na minha opinião, não se esgota no cumprimento de leis. Temos o dever de implementar processos de transparência e participação junto dos nossos associados e mesmo junto da comunidade em que nos inserimos.
Colocarmos, com frequência, rotinas de participação das ações da Direção, criarmos, com frequência, oportunidades para ouvirmos e acolhermos os projetos dos sócios e não só.
Se queremos ser, e somos, a linha da frente da democracia, temos de tomar para nós essa responsabilidade, a começar na nossa organização.
Sendo inegável que o movimento associativo deve ser tomado como uma força de cidadania, temos também nós de tomar essa responsabilidade como nossa.
Antes de mais, alimentando e protegendo a fidelidade aos objetivos particulares que determinaram a criação da nossa entidade.
Dentro do pressuposto dessa fidelidade aos nossos propósitos, temos ainda de saber estar abertos a projetos que nos sejam propostos e que sirvam esses propósitos.
Essa abertura não enfraquece a autoridade da Direção, pelo contrário fortalece a coletividade, a sua representatividade e a base de apoio. É precisamente essa a fonte da sua importância.
Por outro lado, a riqueza do movimento associativo não está no banco, como muito bem sabem. A sua riqueza consiste nas suas ideias, nos seus projetos. São eles que trazem o apoio e aproximam voluntários. Essa é a natureza do nosso poder e é essa a razão porque podemos pedir apoio público que é, nunca nos podemos esquecer, o dinheiro arduamente ganho pelos portugueses.
Se cada uma das nossas organizações desenvolver estas ideias, a sua força cresce. Mas será tanto maior quanto se souber conjugar com outras associações, quanto mais alargada for a sua rede de interação com mais entidades.
Para criar essas redes, a primeiríssima preocupação tem de ser o respeito pela individualidade dos outros, coletivos ou individuais.
A preocupação de acarinhar e desenvolver o que nos une e não o que nos separa. A preocupação por não desenvolver territórios, acentuando divisões.
Não somos um país rico. Tendo consciência que temos de respeitar e poupar os recursos existentes, saber partilhá-los é sinal de inteligência e de aposta no futuro.
Finalmente, é essencial apostarmos fortemente na identidade. Sabermos claramente quem somos, cada uma das nossas associações e todas. Sabermos quantos sócios, as suas características. Sabermos como são as nossas comunidades. Sabermos como é a nossa rede.
Esse saber é a nossa força. Com a força, claro, vem a responsabilidade.
É com essa força – e essa responsabilidade – que podemos interpelar o poder público, que podemos servir a nossa. comunidade.”