Erosão das praias: a solução
O nosso leitor, Engº José Xavier Marques, enviou-nos este interessante texto sobre as técnicas de recuperação de areia e de proteção da linha costeira:
Escrevo-vos na minha qualidade de cidadão, mas também na de engenheiro mecânico, agora já reformado mas não esquecendo os conhecimentos adquiridos e praticados, nomeadamente no domínio da hidráulica.
E também na de viajante por todo o mundo, conhecedor de muitas soluções óbvias, que autoridades portuguesas parecem insistir em desconhecer.
E ainda motivado e chocado pelas notícias, que culminaram com os acontecimentos destas últimas semanas, com o desolador espetáculo da erosão da costa portuguesa mostrado pelas estações de televisão.
E triste por verificar que entidades autárquicas a quem enviei um e-mail há tempos não deram atenção à solução. A qual foi adotada com natural sucesso por vários países, que com ela minimizaram, ou mesmo eliminaram, o problema da erosão da areia das suas praias.
Em que consiste a solução?
Contrariamente ao que é praticado em Portugal, em que os quebra-mar são tradicionalmente colocados perpendicularmente à linha de costa, a solução é dispô-los paralelamente a esta, criando uma barreira artificial, a cerca de 80 a 100 metros da linha de rebentação, que vai atenuar a fúria do mar. Enquanto que a solução tradicional (perpendicular) permite que a água vá levando a areia, esta solução, não só quebra o ímpeto das ondas, como deixa uma zona de areia de baixa profundidade entre a praia e esta barreira de pedregulhos, criando uma zona de banhos segura e impedindo que o mar leve a areia.
A barreira não deve ser contínua, mas sim ser constituída por vários troços, separados por pequenos intervalos, que permitem a natural renovação da água na zona de banhos.
Claro que é um investimento porventura mais caro à partida, mas que seguramente ficará mais barato a longo prazo (tendo em conta o preço da reposição artificial de areia e das sucessivas obras de remedeio em situação de emergência).
Grato pela atenção e eventual divulgação/adoção da ideia, com os meus cumprimentos,
José Xavier Marques
Tem toda a razão.
Quando se fundou o Clube de Vela de Portugal e se utilizava a Praia do Dragão Vermelho tivemos essa ideia e juntamente com a Junta da época foi apresentada.
Nada foi feito.