Ficha de leitura: A Casa de Papel de Carlos Maria Dominguez
NOTAS SOBRE O AUTOR:
Carlos Maria Domínguez nasceu na Argentina mas imigrou para Montevideu em 1989.
Romancista, crítico literário e jornalista. Prémio Nacional do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai. A Casa de Papel obteve o prémio “Lolita Rubial”.
RESUMO / ARGUMENTO:
Bluma Lennon, distinta professora de literatura Latino-Americana em Cambridge e colega do narrador morre atropelada ao atravessar uma rua no Soho enquanto lia um poema de Emily Dickinson. O narrador, após a morte de Bluma recebe um exemplar de A Linha da Sombra de Conrad, J., o qual é central ao texto de Dominguez, endereçado à falecida e vindo do Uruguai, que devido ao seu mau estado de conservação, nomeadamente o apresentar restos de cimento, desencadeia no narrador o interesse por conhecer o secreto remetente. Na sua viagem à Argentina, o narrador aproveita para ir ao Uruguai, encontrar-se com Brauer e devolver-lhe o exemplar mas este havia desaparecido e poucas pessoas pareciam conhecer os seu paradeiro. Eventualmente o narrador acaba por encontrar alguém que lhe desvenda o mistério à volta do personagem Brauer que acontecia ser um leitor e colecionador obsessivo que tinha a ambição de ordenar a sua biblioteca por sentimentos e afinidades entre os autores, o que durante muito tempo lhe ocupa a existência até que um acidente lhe destrói todas as referencias, e instala o caos no seu universo mental. Em vez de recomeçar de novo o registo da biblioteca, toma uma atitude radical e retirando-se para um local desolado no Uruguai e dando aos livros uma nova função.
O golpe final, foi o pedido de Bluma para lhe devolver o exemplar de Conrad, o que teria sido fácil se o catálogo existisse, tornou-se numa tarefa quase impossível, o que não o impede de tentar e o livro acaba por chegar a Inglaterra.
A obra menciona também livros como os de Hemingway, Dumas, Balzac, Faulkner, Amado, Borges, entre outros, os quais eventualmente terão mudado as vidas dos seus leitores e reflecte sobre a leitura e os livros enquanto objectos e transporte de ideias, apontando para o perigo de loucura a que se sujeitam alguns colecionadores compulsivos.
A Casa de Papel é uma reflexão sobre os leitores e colecionadores compulsivos de livros e a importância que estes exercem nas suas vidas. Todos os personagens do texto são colecionadores ou de alguma forma relacionados com livros. O autor também sugere o perigo que já constituiu possuir livros, nomeadamente em sistemas políticos totalitários.