“in Memoriam”
“in Memoriam”
«…o tempo agora é / mais comprido do que nunca / e só te saudamos na matéria da lembrança…» Carlos Melo Santos in “ Lavra de Amor”.
Em 22 de Dezembro de 2009, depois de algum tempo internado no hospital, o Roberto Joaquim Mileu Merino, partiu… Com 63 anos, com uma vida cheia de actividade, sempre empenhado em acções meritórias, sempre solidário e humanista, com tantos sonhos ainda por realizar, este Alentejano de corpo inteiro, disse-nos Adeus. Dedicado à problemática agrícola do nosso Portugal, nomeadamente integrando a C.N.A.. Em 2003 foi condecorado pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com a Ordem de Mérito Agrícola ( grau de Comendador).
Bom conversador, tertúliano, com um sentido de humor notável, por vezes cáustico, cultivou amizades profundas em todos os ambientes que frequentava. Foi um aficcionado da Festa Brava. No seu lugar da “barreira” lá estava Ele a viver a “Fiesta” e os seus toureiros e pegadores. Em Sousel, foi um dos grandes motores da recente Tertúlia de Nossa Senhora do Carmo. Em Santo Amaro, na nossa aldeia, recebi a homenagem da Câmara Municipal de Sousel, proposta pelo Roberto, enquanto Vereador do Município alentejano. Não esquecerei essa data, em que ao lado do nosso amigo Simão Comenda, estivemos presentes. Era dia da “bênção do gado”, tradição bem arreigada em gerações passadas, mas que estava esquecida e que Ele trouxe de novo a esta terra, neste Alentejo de montados de sobro e azinho.
Para Ti, eu que não sou poeta como tu, dedico estes versos, mal alinhavados, mas que me saíram do coração: Ela veio sem avisar / E levou-te de mansinho… / Já a lareira de Natal / Tinha a lenha / Quase a crepitar. / A vida que tanto amavas, / Deixou-te num instante. / Ficaram as lágrimas, / Uma grande dor, / Já uma enorme saudade. / Neste Alentejo imenso, / Na aldeia querida / Onde ambos crescemos, / Na bênção do gado, / Nas rimas dos teus versos, / Nas touradas que te arrebatavam, / Na tua luta constante / Por convicções profundas, / Serás sempre lembrado. / A amizade que partilhavas, / E que unia os corações, / Não morrerá jamais. / Os Homens como Tu, / Estão sempre vivos / Entre aqueles que foram / Seus companheiros de jornada. / O Céu pode esperar…
« Um dia o abraço / duro do fim do tempo / há-de vir claramente certo / reparar em mim…» como escreveu Carlos Melo Santos in “Lavra de Amor”.
António José Zuzarte, 24 de Dezembro de 2009.